CIÊNCIA

Novos produtos biológicos ajudam a restaurar o solo e a biodiversidade

Além de proteger as lavouras, esses produtos contribuem para redução dos poluentes de efeito estufa e são hoje os que mais crescem no mercado agrícola

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 6 de dezembro de 2022 - 21:55

Os produtos biológicos, criados a partir de organismos e substâncias naturais, com o objetivo de promover melhoria no solo, aprimorar os cultivos agrícolas e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente, são os que mais crescem atualmente no mercado de insumos agrícolas.

Entre os benefícios agronômicos dos produtos biológicos, destacam-se o gerenciamento das pragas nas lavouras, tanto no aspecto de proteção dos cultivos como no manejo da resistência dessas pragas e, consequentemente, melhoria no rendimento das culturas. Além disso, os biológicos são capazes de estimular os processos naturais das plantas, mitigando os efeitos do estresse causado pela seca, aumentando a eficiência do uso de nutrientes e melhorando a qualidade das culturas.

No aspecto ambiental, o uso de produtos biológicos no manejo de pragas e na nutrição de plantas promove maior sustentabilidade no campo, favorecendo a regeneração da terra, agregando vida ao solo e promovendo maior biodiversidade.

Produtos biológicos ajudam o solo e restauram a biodiversidade

Além de proteger as lavouras, esses produtos contribuem para restaurar ou melhorar a biodiversidade, auxiliando nos programas de adaptação e mitigação dos Gases do Efeito Estufa.

De acordo com a sua origem, existem três principais formas de classificar os produtos biológicos:
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Como esses produtos funcionam?

Os produtos microbianos e bioquímicos que melhoram o desempenho das culturas são os inoculantes, os biofertilizantes e os bioestimulantes. Os inoculantes funcionam por meio de associação de microrganismos às raízes das plantas em um processo conhecido como fixação biológica do nitrogênio (FBN) onde esses microrganismos capturam o N2 da atmosfera tornando-o disponível para as plantas.

A FBN é um processo que pode diminuir ou até mesmo eliminar a necessidade de adubos à base de nitrogênio, reduzindo custos de produção e impactos ambientais, uma vez que o nitrogênio é absorvido do próprio ecossistema.

No caso dos biofertilizantes, eles são capazes de ampliar os microrganismos benéficos ao solo, permitindo maior estabilidade e capacidade do solo em sustentar o crescimento das plantas, aumentando a produtividade das culturas. Além disso, eles não são poluentes, o que causa menor impacto ambiental.

Já os bioestimulantes, atuam diretamente nas plantas, potencializando seus processos fisiológicos, resultando em maior produtividade. Eles atuam no equilíbrio hormonal da planta e na divisão das células vegetais, aumentando sua resistência a condições de falta de água provocadas pela seca. Essa condição se dá devido ao aumento da capacidade de absorção de água e nutrientes, favorecendo o seu crescimento.

Na área de proteção de cultivos, a indústria de biodefensivos tem apresentado taxas de crescimento bem superiores às do segmento de químicos. Entre 2015 a 2020, a taxa de crescimento do mercado global de controle biológico foi de 16%, enquanto para os defensivos químicos foi próxima de 1%.

Já no que se refere à nutrição de plantas, embora a agricultura brasileira já fizesse elevado uso de inoculantes, a alta no preço dos fertilizantes sintéticos tem feito com que o país apostasse ainda mais na utilização dessa tecnologia. Os produtos de origem biológica complementam uso de fertilizantes e defensivos químicos, aumentando a oferta de produtos alternativos aos sintéticos.

O gás nitrogênio, um nutriente essencial ao crescimento dos vegetais e o uso de inoculantes (associação de microrganismos às raízes das plantas) capazes de fazer a FBN (fixação biológica do N2),  reduz drasticamente a necessidade de utilização de fertilizantes químicos para a produção da cultura da soja no país.

De acordo com uma pesquisa publicada na Frontiers in Microbiology, a substituição de fertilizantes químicos por microrganismos fixadores de nitrogênio contribui substancialmente para a redução das emissões de GEE. Assumindo que cada quilograma de fertilizante nitrogenado corresponde a cerca de 10 kg de emissões de CO2eq, um dos GEE. Significando que aproximadamente 430 milhões de toneladas de CO2eq seriam liberados anualmente se nenhum fixador biológico de nitrogênio fosse utilizado em plantações de soja no Brasil.

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