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Jovens estão fazendo menos sexo, aponta estudo feito nos EUA

Número de adolescentes que já mantiveram relações íntimas vem caindo ano a ano

Por: Lucas Saba
Da redação | 12 de maio de 2023 - 20:55
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Adolescentes estão fazendo menos sexo, de acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos. Durante anos, as pesquisas mostraram um declínio nas taxas de estudantes americanos do ensino médio que já tiveram relações sexuais.  Essa tendência continuou, sem surpresa, nos primeiros anos da pandemia, de acordo com um estudo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA. As pesquisas revelam que 30% dos adolescentes, em 2021, disseram já terem feito sexo, abaixo dos 38%, em 2019, e uma grande queda em relação a três décadas atrás, quando mais de 50% dos adolescentes relataram ter feito sexo.

O estudo também apontou que a definição de sexo não é a mesma para todo mundo. Os jovens listaram uma série de possibilidades para sexo, com o oral e relações entre parceiros do mesmo sexo ou LGBTQ. Alguns citaram os “ligações furtivas” – quando ficam com alguém em segredo e não contam nem mesmo para seus amigos mais próximos. Isso costuma acontecer, principalmente, entre casais homossexuais.

Novas gerações estão fazendo menos sexo. (Crédito: AP)

Para os adolescentes de hoje, a conversa sobre sexualidade está se alterando da situação binária (homem e mulher), assim como os tipos de sexo que as pessoas estão fazendo. Apesar das mudanças, a metodologia se manteve. A principal pergunta foi formulada da mesma forma, desde que a agência governamental iniciou seu estudo em 1991: você “já teve relações sexuais?”

“Honestamente, essa pergunta é um pouco ridícula”, diz Kay, 18, que se identifica como gay. “Provavelmente há muitos adolescentes que dizem: ‘Não, nunca tive relações sexuais, mas já tive outros tipos de sexo.”

Mudança no conceito de “relação sexual”

Vários especialistas dizem que as descobertas do CDC podem sinalizar uma mudança na forma como a sexualidade adolescente está evoluindo, com a fluidez de gênero se tornando mais comum, juntamente com uma diminuição do estigma sobre a identificação como não heterossexual.

Cientistas apontam para outra descoberta no estudo deste ano. A proporção de crianças do ensino médio que se identificam como heterossexuais caiu para 75%, abaixo dos 89%, em 2015, quando o CDC começou a perguntar sobre orientação sexual. Enquanto isso, a parcela que se identificou como lésbica, gay ou bissexual aumentou para 15%, ante 8%, em 2015.

Além da semântica, há uma infinidade de teorias sobre por que as taxas relatadas de sexo no ensino médio diminuíram constantemente – e o que isso pode dizer sobre a sociedade.

“Provavelmente alguns pais estejam felizes e outros preocupados, e acho que provavelmente há uma boa causa para ambos”, diz Sharon Hoover, codiretora do Centro Nacional de Saúde Mental Escolar da Universidade de Maryland, nos EUA. As autoridades de saúde lembram o aspecto positivo da queda nos índices de gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis.

Por que se faz menos sexo?

A queda nesta pesquisa mais recente foi a mais acentuada já registrada, claramente teve muito a ver com a pandemia, que manteve os jovens isolados, afastados dos amigos e imersos nas redes sociais. Mesmo quando a vida começou a voltar ao normal, muitos se sentiram desconfortáveis ​​com a interação face a face e descobriram que suas habilidades de comunicação verbal diminuíram, disse Hoover.

A pesquisa foi realizada no Outono (Setembro a Novembro) de 2021, quando muitos alunos retornaram às salas de aula presenciais após um ano de escola online. Vários adolescentes entrevistados disseram que, quando as escolas reabriram, voltaram com muita ansiedade agravada pelo medo de pegar COVID. Isso acrescentou uma nova camada às preocupações pré-pandêmicas sobre relações sexuais, como engravidar ou contrair DSTs.

Outra causa para a queda nas taxas de sexo pode ser o fácil acesso à pornografia online, dizem os especialistas. Aos 17 anos, três quartos dos adolescentes já viram pornografia online, com a idade média da primeira exposição aos 12 anos, de acordo com um relatório no início deste ano da Common Sense Media, grupo sem fins lucrativos de defesa da criança.

Algumas escolas e organizações complementam a educação sexual com aconselhamento de colegas, onde os adolescentes são treinados para falar uns com os outros sobre relacionamentos e outros tópicos que os jovens podem se sentir desconfortáveis ​​em abordar com os adultos.

Annika, 14, é uma voluntária treinada pela Planned Parenthood e caloura do ensino médio no sul da Califórnia. Ela ofereceu orientação a amigos em relacionamentos tóxicos e se preocupa com a onipresença da pornografia entre seus colegas, especialmente amigos do sexo masculino. Está claro para ela: a pandemia atrapalhou a vida sexual. A pesquisa de 2023 do CDC, que está em andamento, mostrará se o declínio foi temporário. Annika suspeita que mostrará um pico. Em sua escola, pelo menos, os alunos parecem estar recuperando o tempo perdido.

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