Apesar do forte esquema de segurança, milhares de pessoas conseguiram cruzar a divisa
Mais de 150 mil pessoas vindas de diversos países da América Latina tentam atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos. Adultos e crianças se arriscam para alcançar o lado americano de qualquer maneira após o fim do “Título 42”, uma importante regulamentação migratória do país. A regra deixou de ser aplicada nesta quinta-feira. A medida permitia que o governo norte-americano expulsasse automaticamente todas as pessoas que chegassem ao território do país sem visto ou documentação necessária. Nos últimos dias, dezenas de milhares conseguiram cruzar a divisa.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos enviou um contingente de 24 mil soldados para reforçar a segurança na fronteira com o México. Centenas de pessoas já foram detidas, mas ainda não se sabe se serão expulsas imediatamente.
Famílias inteiras tentam cruzar a fronteira para o lado americano. (Crédito: AP)
Somente entre 2021 e 2022, o Titulo 42 foi responsável pela deportação automática de 2,7 milhões de pessoas, o maior número já registrado desde 1960, segundo dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP).
Em depoimento ao Congresso no mês passado, Troy Miller, o principal funcionário do CBP, disse que a agência estava se preparando para uma avalanche de mais de 10.000 migrantes por dia tentando cruzar a fronteira após a extinção do Título 42 – mais que o dobro da média diária em março.
O fim da aplicação do Título 42 desencadeou uma corrida até a fronteira sul dos Estados Unidos com o México. As cidades de El Paso, Río Rico, Tijuana e Ciudad Juarez, registram um aumento exponencial das tentativas de travessia.
O presidente Joe Biden reconheceu que a fronteira ficará caótica por um tempo, apesar dos esforços das autoridades norte-americanas. Milhares de migrantes estão dormindo em acampamentos improvisados na região de fronteira, aguardando uma definição para a entrada nos Estados Unidos.
Migrantes esperam no frio na cerca da fronteira depois de cruzar de Ciudad Juarez, México, para El Paso, Texas, na madrugada de quinta-feira, 11 de maio. (Foto AP/Andres Leighton)
O prefeito de El Paso, Oscar Leeser diz estar assustado com uma aglomeração de 10 mil pessoas na fronteira esperando para entrar no país. “Nunca vimos isso antes. Algo tem que mudar. Como comunidade, não podemos fazer isso para sempre”, afirma Leeser.
Joe Sanchez, diretor regional do Departamento de Segurança Pública do Texas, foi mais alarmista. “Imagine 60 mil pessoas em um local e, de repente, um alerta aparece e diz que há uma bomba no prédio. O que acontece depois disso? Caos… É muito difícil de controlar e muito difícil de administrar. É exatamente assim que é na fronteira”, afirmou.
Para esses migrantes que aguardam na fila, e para aqueles que já estão nos EUA, o futuro é incerto. Em uma tentativa de interromper o fluxo migratório, a Casa Branca criou regras mais rígidas para requerentes de asilo, que inclui a proibição para aqueles que atravessam ilegalmente de solicitar asilo por cinco anos, além de medidas para encorajar os migrantes a buscarem vias legais de ingresso no país.
