Sam Bankman-Fried, dono da FTX, acredita que foi alguém de dentro. Autoridades suspeitam que possa ser um hacker externo
Bloomberg
Promotores federais americanos estão investigando como mais de US$ 370 milhões sumiram das contas da FTX, logo após a empresa de criptomoedas entrar com um pedido de falência no mês passado. As autoridades acreditam que houve um crime cibernético, mas resta saber o autor. A polícia conseguiu congelar parte dos fundos roubados. No entanto, os ativos congelados representam apenas uma fração de todo o saque milionário.
O Departamento de Justiça lançou uma investigação criminal sobre os ativos roubados, separada do caso de fraude contra o cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried. Não está claro se a infiltração foi um trabalho interno, como Bankman-Fried sugeriu em entrevistas antes de sua prisão, ou o trabalho de um hacker oportunista ansioso para explorar as vulnerabilidades de uma empresa em ruínas. A conduta pode equivaler a uma acusação de fraude informática, que acarreta uma pena máxima de 10 anos de prisão.
A quantia roubada é bem menor em comparação aos bilhões de dólares que Bankman-Fried é acusado de desviar, enquanto estava no comando da FTX. Atualmente, ele está em prisão domiciliar, numa mansão na Califórnia, depois que a família pagou uma fiança de 250 milhões de dólares, a maior já paga por esse tipo de crime no país. Bankman-Fried levantou US$ 1,8 bilhão de forma fraudulenta de investidores e usou fundos da FTX para fazer apostas de alto risco no fundo de hedge Alameda Research e para cobrir despesas pessoais.
O novo executivo-chefe da FTX, John J Ray III, revelou em 12 de novembro que houve “acesso não autorizado” aos ativos da FTX um dia antes, da entrada do pedido de falência.
A investigação está sendo liderada pela Equipe Nacional de Execução de Criptomoedas do DOJ, uma rede de promotores focada em investigações de ativos digitais. A equipe está trabalhando com os promotores federais de Manhattan encarregados da investigação criminal que levou à prisão de Bankman-Fried.
Em uma análise do caminho dos fundos roubados no mês passado, a empresa de análise de blockchain Elliptic afirmou que os tokens drenados das carteiras FTX foram trocados por ETH, outra criptomoeda, por meio de trocas descentralizadas. Essa era “uma tática comum feita por grandes hackers”, disse uma fonte da empresa na época.
Em 20 de novembro, a Chainalysis, outra empresa, twittou que os fundos roubados estavam “em movimento” e foram transferidos de ETH para bitcoin. O grupo alertou as bolsas para ficarem atentas caso o hacker tentasse sacar. Alguns dos fundos também foram depositados em um “misturador”, responsável por combinar diferentes tipos de criptomoedas para ofuscar as origens, de acordo com ZachXBT, um usuário do Twitter que rastreia hacks criptográficos.