Os animais ajudam no desenvolvimento das crianças
Sejam eles gatos, cachorros, peixes, tartarugas, hamsters, os animais de estimação já viraram integrantes da família. O Brasil é o terceiro país com maior quantidade de animais de estimação do mundo. Segundo dados do IBGE são mais de 139 milhões. E a tendência é crescer. Só durante o isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, houve um aumento de 30% no número de animais. Os dados são da pesquisa Radar Pet 2021, realizada pela Comissão de Animais de Companhia.
Como explica a psicóloga e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Lucy Carvalhar, o aumento dos pets acompanha as mudanças do próprio comportamento humano. As pessoas têm tido menos filhos e adotado mais animais de estimação. Ela explica que este contato com os animais traz efeitos diretos em com as pessoas se sentem: “A relação com os animais diminui estresse, ansiedade e a depressão, porque aumenta a produção da ocitocina, que é um neurotransmissor responsável pelo afeto, bem como a serotonina, que é um neurotransmissor responsável pelo bem-estar”.
Mas não se enganem, a criação de laços de humanos com animais de estimação é de ambos os lados. De acordo com a médica veterinária e professora do Centro Universitário da Serra Gaúcha-FSG, Juliana Andrade, os pets desenvolvem amor pelos seus tutores. “Em uma casa, com vários integrantes na família, o pet sempre vai ter aquela pessoa que ele tem uma afinidade mais forte, ele vai eleger as pessoas que por exemplo, vão ser seu parceiro de passeio, de dar aquela cochilada no sofá, de brincar com seus brinquedos favoritos e muitas vezes a criança da casa é o seu parceiro favorito para a maior parte do tempo”, completa.
A relação entre as crianças e os animais tem sido tema de estudos importantes na área da psicologia e da educação. Para além da sensação de bem-estar, as crianças em contato com animais de estimação desenvolvem mais empatia, do que crianças sem animais. Foi o que mostrou uma pesquisa realizada pelos educadores Beth Daly e LL Morton da Universidade de Windsor, no Canadá. A pesquisa ainda conseguiu perceber que crianças que preferiam ou tinham um gato e um cachorro eram ainda mais empáticas do que o restante do grupo.
Já outro estudo da Universidade do Estado de Nova Iorque mostrou que crianças da pré-escola cometeram menos erros cognitivos na tarefa solicitada, na presença de um cachorro real, do que crianças que estavam apenas com um cachorro de pelúcia ou na presença de outro humano. O teste consistia na escolha da criança de combinar a imagem de um objeto com outro. Assim, foi observado que as crianças com o cachorro real escolhiam combinações mais lógicas e significativas do que as outras crianças.
Para além do desenvolvimento intelectual, a psicóloga Lucy Carvalhar explica que há ainda benefícios físicos: “As crianças são estimuladas no seu sistema imunológico e ao brincarem com os animais saem do sedentarismo. Também desenvolvem equilíbrio, ficarem em pé, correrem, engatinhar e andar”.