Uma semana após os terremotos, vítimas ainda são resgatadas com vida dos escombros
Organizações internacionais de assistência humanitária se apressam para levar ajuda às dezenas de milhares de sobreviventes dos terremotos que atingiram a Turquia e a Síria. Nas cidades destruídas, os sobreviventes se juntam em frente às suas antigas residências, aguardando por algum tipo de ajuda. A maioria das vítimas espera, apenas por uma refeição quente e um cobertor. Quando possível, algumas roupas, além dos medicamentos que as equipes de socorro tentam levar.
As temperaturas de até 5 ou 6 graus negativos, tornam ainda mais difícil a situação dos sobreviventes. Segundo o governo da Turquia, cerca de 150.000 pessoas foram levadas para abrigos, no torno das cidades destruídas, mas o total de sobreviventes que precisam de ajuda passa de 5 milhões, segundo cálculos do Alto Comissariado da ONU para Refugiados. O número de vítimas fatais passa de 36.000.
Os casos dramáticos de resgate de pessoas que ainda estavam vivas ao serem encontradas sob os escombros, uma semana após os terremotos se multiplicam. Na cidade de Hatay, no Sul da Turquia, um menino de 13 anos, identificado apenas como Kaan, foi resgatado com vida, depois de ficar todos esses dias sem comer ou beber água. Levado para um hospital, ele está se recuperando. Em Gaziantep, uma mulher foi encontrada com viva, sob o que restou de um prédio de 5 andares.
As autoridades sírias informaram que o bebê resgatado na segunda-feira, ainda com o cordão umbilical, continua internado e passa bem. É uma menina chamada Aya, mas a mãe morreu sob os escombros. Um rapaz de 23 anos escapou com vida, depois de permanecer seis dias sob os escombros. Em Allepo, na Síria, duas crianças foram salvas no domingo.
Especialistas em resgate acreditam que, de agora em diante, será muito difícil encontrar sobreviventes debaixo dos escombros.
Ordens de prisão
A Justiça da Turquia emitiu 113 ordens de prisão contra donos de empresas e engenheiros que construíram dezenas de prédios que desabaram com os terremotos. Pelo menos 18 pessoas foram presas.
O problema das construções irregulares tem sido alvo de denúncias há anos no país. Especialistas alertaram em inúmeras ocasiões para os casos de corrupção e de negligência em relação ao padrão adotado nas construções de prédios de moradias e outros. Segundo as denúncias, os construtores ignoram as normas sobre segurança e utilizam material de baixa qualidade para aumentar os lucros.
Desabrigados
Pelo menos 5 milhões e 300 mil pessoas estão desabrigadas, depois de perderem suas casas, destruídas pelo terremoto que atingiu a região Norte do país. A informação é do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (UNHCR). Um porta-voz da organização, Sivanka Dhanapala, declarou que esse é o número de pessoas que precisam de ajuda com alimentos, remédios, roupas e barracas para abrigo. “Esse é um número gigantesco, mas trata-se da realidade de uma população que enfrenta um deslocamento em massa”, acrescentou o porta-voz.
A agência da ONU está focando o trabalho na distribuição de barracas de campanha, cobertores, roupas de inverno, água e alimentos. Falando da região Noroeste da Síria, que é parcialmente ocupada por forças rebeldes, Dhanapala disse que levar ajuda aos desabrigados naquela área tem se mostrado “muito difícil”.
O diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Kenn Krossley, considerou urgente a abertura de novos postos fronteiriços, entre a Turquia e Síria, para apressar a entrega de ajuda aos sobreviventes.
Por sua vez, o secretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, declarou que a decisão do governo sírio de autorizar a entrada dos comboios nas áreas controladas pelos rebeldes é um passo importante, mas isso é apenas um começo. “Muito mais tem que ser feito”, acrescentou Griffiths, referindo-se à quantidade de ajuda necessária, incluindo alimentos, água e outros recursos.