Sistemas produtivos podem contribuir na luta contra o aquecimento global e a perda de biodiversidade
A produção e o consumo de alimentos em países como o Brasil são fatores fundamentais que podem contribuir para conter as mudanças climáticas. O alerta é da organização sem fins lucrativos World Wide Fund (WWF) que acaba de publicar um relatório intitulado: “Resolvendo o Grande Quebra-cabeça Alimentar: 20 alavancas para expandir ações a nível nacional”. O documento analisa e fornece sugestões para o Brasil seguir como potência agropecuária, sem perder sua rica biodiversidade.
“A insegurança alimentar, as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são três dos maiores desafios que a humanidade enfrenta neste momento. Eles colocam a presente geração em risco e deixam para as próximas um planeta instável que não poderá sustentar a todos. Mas é justamente no cruzamento desses três desafios, ou seja, nos sistemas alimentares, que está nossa melhor oportunidade de equacionar o problema”, explica Virginia Antonioli, analista de conservação do WWF-Brasil.
As alavancas para essa transformação se baseiam nos seguintes critérios: gestão de recursos naturais; governança; educação; tecnologia; comércio; e finanças.
Segundo o estudo existem quatro pilares responsáveis pela melhora da preservação ambiental.
1- Otimização da terra: os países devem buscar formas para otimizar as produções agrícolas, ou seja, usar as terras em seu potencial máximo, mas sem agredi-lo.
2- Restaurar a biodiversidade: implementar práticas para restaurar as terras e águas ativas em áreas produtoras e não produtoras de alimentos.
3- Armazenamento de carbono: aumentar os estoques de carbono nos solos e na biomassa acima do solo.
4- Diversidade: apoiar e aumentar a produção e consumo de culturas nativas nutritivas.
Além do cuidado com a própria biodiversidade, outros parâmetros são essenciais para a manutenção desse cenário. E impactam o meio ambiente de forma direta.
5- Pequenos agricultores: é necessário apoiar programas que forneçam assistência financeira, de infraestrutura, educação e também acesso ao mercado aos pequenos agricultores. Afinal, eles são responsáveis por levar o alimento para as grandes cidades e abastecer a população.
6- Posse de terra: melhorar os direitos de posse da terra e desenvolver ações que incentivem a posse coletiva e os direitos indígenas à terra.
7- Reforço de compromissos: as lideranças devem reforçar o compromisso para reduzir o desperdício de alimentos.
8- Diretrizes Alimentares Nacionais: a saúde humana e a sustentabilidade ambiental devem ser incentivadas pelo consumo diversificado de alimentos, incluindo o plantio nativo.
9- Pesquisa: aumentar as oportunidades de pesquisa e desenvolvimento com agricultores e universidades nacionais para expandir as práticas de produção de alimentos positivos para a natureza e que apoiem a produção de alimentos saudáveis.
10-Dados: melhorar a coleta de dados e a medição dos impactos ambientais.
11- Conscientização: lançar campanhas de comunicação convincentes sobre alimentação saudável, sustentável, e redução do desperdício de alimentos.
12- Alimentação: promover culturas alimentares típicas associadas a uma boa nutrição, apoiando e protegendo os alimentos típicos, fornecendo informações sobre pratos tradicionais.
13-Técnicas: adotar métodos de produção de alimentos de alta tecnologia, com o uso sustentável de fontes hídricas não convencionais.
14-Infraestrutura: desenvolver tecnologias de armazenamento pós-colheita, embalagem e técnicas de processamento de alimentos nutritivos para reduzir a perda e o desperdício desses alimentos.
15- Proteínas: o desenvolvimento de proteínas à base de plantas também é fundamental para lidar com a superpopulação no futuro. O objetivo dos pesquisadores é atingir um valor nutricional, além de um sabor igual ao das carnes.
16- Importações: projetar políticas comerciais que priorizem o fornecimento de alimentos nutritivos em vez de alimentos industrializados ricos em gorduras, açúcares e sal.
17- Suprimento: desenvolver políticas comerciais que apoiem a produção de alimentos positivos para a natureza, como acordos comerciais e ferramentas de rastreabilidade, e mudanças no mercado.
18- Subsídios: redirecionar os subsídios agroalimentares de produções agrícolas de primeira necessidade e práticas de produção nocivas para aumentar a produção de alimentos nutritivos positivos para a natureza.
19- Financiamento: implementar programas de alimentação escolar e contratos públicos que promovam alimentos saudáveis e sustentáveis.
20- Fiscalização: oferecer apoio financeiro para aumentar a disponibilidade, acessibilidade e atratividade de alimentos nutritivos.
Você pode acessar o estudo “Resolvendo o Grande Quebra-cabeça Alimentar: 20 alavancas para expandir ações a nível nacional”, da WWF, clicando aqui.