INTERNACIONAL

Itália: direita vence e Georgia Meloni será primeira-ministra

Principal desafio do novo governo será garantir novos empréstimos da União Europeia para tirar o país da crise

Por: Carlos Taquari
Da redação | 23 de setembro de 2022 - 21:55

O partido Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, é o grande vencedor nas eleições parlamentares da Itália. O resultado confirma os números das pesquisas que já indicavam a vitória da aliança da direita, comandada por Meloni, que será a primeira mulher a chefiar um governo no país. E este será o primeiro governo de direita na Itália, desde a Segunda Guerra.

Para a Câmara dos Deputados, os Irmãos da Itália e seus aliados, a Liga, de Matteo Salvini, e Força Itália, de Silvio Berlusconi, tiveram 42,9% dos votos. A centroesquerda, liderada pelo Partido Democrático, teve 26,6%. E o Movimento 5 Estrelas, 16,3%. As projeções indicam que a direita terá entre 230 e 250 cadeiras na Câmara, para apenas 90 dos partidos de centroesquerda.

Para o Senado, a coalizão de direita recebeu 43,4% dos votos, para 26,4% da centroesquerda e 16,2% do Movimento 5 Estrelas. Isto significa que a direita terá pelo menos 120 das 200 cadeiras do Senado, para apenas 40 da centroesquerda e 25 do 5 Estrelas.

Em seu primeiro discurso após a vitória, Giorgia Meloni declarou: “Esse é um tempo de responsabilidade. A Itália nos escolheu e nós não a trairemos”. O primeiro desafio do futuro governo será buscar uma aproximação com a União Europeia. Meloni e seus aliados da direita sempre foram muito críticos ao comando do bloco europeu.

Giorgia Meloni: esforço para se distanciar da imagem de neofascista. (Arquivo pessoal)

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Acontece que o país vem recebendo bilhões de euros para enfrentar a atual crise econômica e social e vai continuar dependendo desta ajuda. Especialmente se se levar em conta a dívida acumulada do país, que chega a 2.7 trilhões de euros – para um PIB em torno de US$2 trilhões –  e a maior ajuda tem partido da União Europeia. Afinal, socorrer a terceira maior economia do bloco (depois da Alemanha e França) é uma tarefa obrigatória para os dirigentes da UE, em Bruxelas.

Apenas 63,8% dos eleitores compareceram para votar. A enorme abstenção foi 10% maior do que nas últimas eleições legislativas, em 2018.

Na tentativa de rebater as acusações de seus opositores de que possui um perfil fascista, Giorgia Meloni, fez várias declarações, nas últimas semanas, defendendo os valores democráticos, a família e a necessidade de enfrentar os problemas econômicos do país. Mas o fato é que ela começou a carreira política militando nos grupos neofascistas de Roma.

Esta é a primeira vez que os italianos elegem um parlamento mais enxuto, de acordo com a nova legislação em vigor no país. A Câmara dos Deputados, que tinha 630 cadeiras, agora terá 400. E no Senado o número baixou de 315 para 200 cadeiras. 

A exemplo da maioria dos países, a Itália enfrenta uma crise que começou com a pandemia e se agravou com a guerra na Ucrânia, que levou ao aumento nos preços dos combustíveis e alimentos. Para muitos analistas, isto provocou uma onda de descontentamento no país que, além de derrubar o governo centrista de Mário Draghi, levou o eleitorado para a direita.

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