Ao canonizar dois novos santos italianos, o pontífice chamou de escandalosa, repugnante e pecaminosa a exclusão de imigrantes
Em cerimônia de canonização de dois novos santos da Igreja Católica, neste domingo (9/10), o papa Francisco pediu que o mundo aprenda com a história e tenha compaixão com os imigrantes, referindo-se às ameaças de guerra nuclear na Ucrânia.
O sumo pontífice relembrou a vida de Giovanni Battista Scalabrini e Artêmides Zatti que se dedicaram ao serviço dos imigrantes, para pedir que o mundo busque o caminho da paz.
“Não devemos esquecer o perigo da guerra nuclear que ameaçou o mundo”, disse o santo padre ao recordar o início do Concílio Vaticano II, há 60 anos.
“Por que não aprendemos com a história? Naquela época houve conflitos e tensões, mas escolheu-se o caminho da paz”, destacou Francisco.
Na semana passada, o papa dirigiu um apelo ao presidente Vladimir Putin para que acabe com a “espiral de violência” na Ucrânia, também por amor ao povo russo. O papa Francisco também criticou as anexações de territórios por considerá-las “contrárias ao direito internacional”.
O pontífice fez duras críticas à exclusão dos imigrantes de todos os tipos, tanto os que fogem de guerras, quanto aqueles que fogem da pobreza extrema ou das mudanças climáticas. Francisco chamou de “escandalosa, repugnante e pecaminosa” a exclusão dos migrantes que “morrem diante de nós”, disse o papa, colocando-se em rota de choque com o próximo governo de direita da Itália.
A nova primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, prometeu reprimir com energia a imigração e disse que vai endurecer a vigilância nas fronteiras da Itália.
Santo Giovanni Battista Scalabrini e santo Artêmides Zatti. (Foto: Arquidiocese de SP/Vatican News)
O tema dos imigrantes veio à tona neste domingo durante a cerimônia de canonização de dois novos santos da Igreja Católica, ambos italianos, que viveram no século 19.
Diante de mais de 50 mil fiéis que compareceram à praça de São Pedro, em Roma, Francisco canonizou o bispo Giovanni Battista Scalabrini e o enfermeiro Artêmides Zatti. Ambos atuaram diretamente com a causa dos migrantes.
O bispo fundou duas ordens religiosas que ajudam imigrantes nos Estados Unidos e na América do Sul.
Em 1887, fundou a Congregação dos Missionários de São Carlos ou Scalabrinianos e em 1895, as Missionárias de São Carlos. Em 1904, antes de morrer, visitou os emigrantes italianos aqui no Brasil.
Artêmides Zatti fugiu da pobreza na Itália e se instalou na Argentina. Trabalhando como enfermeiro, levava saúde aos pobres com a ajuda de uma bicicleta.
Artêmides era religioso da congregação dos salesianos de Dom Bosco. Ele é considerado pela igreja como um modelo de santidade, particularmente atual nestes tempos de pandemia e que obrigam muitas pessoas a abandonar seus países de origem.
