Dezenas de espécies marinhas estão se instalando nesses locais e consumindo plásticos como se fossem alimentos
Bloomberg
As ilhas de plástico que se formaram no Oceano Pacífico, reunindo detritos levados pelas correntes marinhas, não param de crescer. E, agora, trazem uma nova ameaça. Pesquisadores já detectaram pelo menos 37 espécies costeiras, incluindo caranguejos, mariscos e outros que vivem em conchas, que se instalaram nesses locais. O grande dano para as espécies e para os ecossistemas é que elas passam a consumir plásticos como se fossem alimentos.
Além do fato de que o plástico penetra no organismo dos animais, levando muitos deles à morte por asfixia ou intoxicação, existe o risco de que isso se propague para a cadeia alimentar. Outra ameaça para os ecossistemas é que as espécies contaminadas se tornem invasivas em novos habitats destruindo outras formas de vida. Uma pesquisa sobre o assunto foi publicada pela revista Nature Ecology and Evolution.
Os cientistas analisaram dados da maior dessas ilhas de plástico, situada no Pacífico Norte, ao largo da costa da Califórnia. As ilhas resultam de um fenômeno denominado gyre, que resulta do movimento das correntes marítimas, associado aos ventos e outras condições atmosféricas. Outra dessas ilhas está situada no Pacífico Sul, próximo à Ilha de Páscoa. A maior delas tem um tamanho que pode ser comparado ao território da França. Nos oceanos Atlântico e Índico, grandes aglomerados de lixo plástico também já estão se formando.
O pesquisador Marcus Eriksen esteve recentemente na ilha gigante do Pacífico Norte. E conta que, ao chegar ao local, a imensidão de plástico se perdia de vista, muito além do horizonte.
Eriksen é um dos fundadores da organização sem fins lucrativos 5 Gyres Institute, que tem sede na Califórnia. Em estudo publicado no jornal PLOS One, ele e seus colegas do Instituto estimam que as atuais ilhas de plástico reúnem, pelo menos, 170 trilhões de resíduos de material descartado.
As 37 espécies marinhas detectadas como novos “moradores” da ilha de plástico do Pacífico Norte são apenas uma amostra do que está acontecendo, segundo James Carlton, professor de Ciências Marinhas do Williams College, de Williaamstown, Massachusetts, co-autor do estudo publicado pela Nature Ecology and Evolution.
Outra descoberta que surpreendeu os pesquisadores é que, na Ilha de Plástico do Pacífico Norte foram encontrados detritos resultantes da tsunami que atingiu Fukushima, no Japão, em 2011.
Muito além de detritos de plástico, as ilhas reúnem pedaços de barcos resultantes de naufrágios, geladeiras, utensílios domésticos, material de jardinagem, roupas e uma infinidade de outros artigos. Enfim, tudo que as pessoas jogam nos rios ou diretamente no mar e que vai parar nos oceanos.