O republicano afirmou que "vai retirar os privilégios da companhia." A Disney alega sofrer retaliação do governo
Tudo começou quando a Disney criticou uma lei estadual, criada por Ron DeSantis, que proíbe a discussão sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas escolas primárias. O governador da Flórida reagiu anulando um acordo de apoio ao desenvolvimento econômico dos parques temáticos e todo o seu entorno, que vigorava há 50 anos. Entre outros pontos, o acordo garantia à Disney o direito de decidir sobre a construção, ampliação e design tanto nas áreas dos parques, como no entorno, em Orlando.
Após a decisão, a companhia decidiu entrar na justiça alegando uma campanha de retaliação do governo contra a empresa.
A Disney alega que as medidas de DeSantis para assumir o controle das operações na área ameaçam seus negócios e violam os direitos constitucionais. O grupo emprega cerca de 75.000 pessoas somente na Flórida. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que deve ser desafiado por DeSantis na corrida à presidência pelo Partido Republicano, disse: “o governador foi superado, enganado e envergonhado por Mickey Mouse.”
“A Disney lamenta ter chegado a esse ponto. Mas, tendo esgotado os esforços para buscar uma solução, a empresa não tem escolha a não ser abrir este processo para proteger seus membros, convidados e parceiros de desenvolvimento local de uma campanha implacável para armar o poder do governo contra a Disney em retaliação por expressar uma opinião política,” disse a companhia em comunicado.
O secretario de comunicações da Flórida, Taryn Fenske, emitiu uma nota respondendo as acusações da Disney: “não dobraremos os joelhos para executivos na Califórnia. Nenhuma empresa pode ter privilégios ou operar o seu próprio governo. O processo é mais um exemplo infeliz de acabar com a vontade dos eleitores da Flórida e operar fora dos limites da lei,” completou Fenske.
Histórico da briga
DeSantis apoiou medidas como a proibição do aborto após seis semanas e a Lei dos Direitos dos Pais na Educação, apelidada de projeto de lei “Não diga gay” pelos críticos, que proíbe a discussão sobre orientação sexual e identidade de gênero para alunos com nove anos ou menos. O estado expandiu a proibição para todas as classes este mês. A Disney criticou essa lei no ano passado.
Os legisladores da Flórida votaram para reestruturar o distrito especial que supervisiona o desenvolvimento ao redor da Disney World, incluindo quatro parques temáticos, dezenas de hotéis e locais de entretenimento. As mudanças deram a DeSantis o poder de nomear membros para o conselho administrativo do distrito, removendo essa autoridade dos proprietários de terras no distrito de 10 mil hectares, do qual a Disney é de longe o maior. “Há um novo xerife na cidade”, declarou o governador após a mudança.
Antes que o novo conselho fosse instalado, no entanto, a Disney chegou a um acordo de última hora delineando planos para o desenvolvimento do distrito e dando à empresa o direito de revisar quaisquer mudanças nas propriedades do distrito. O contrato limitava os poderes da nova diretoria e incluía termos válidos em perpetuidade.
DeSantis disse que a Disney tentou ser rápida, mas o governo do Estado já tem uma série de planos, incluindo novos impostos, pedágios e até a abertura de uma prisão estadual perto dos parques. O chefe do grupo Disney, Bob Iger, chamou a luta de DeSantis com a companhia de “anti-negócios” e “anti-Flórida”. A empresa disse que a aprovação de seu mais recente acordo de desenvolvimento foi positivo.