COMPORTAMENTO

Cuidado: pense duas vezes antes de explodir!

Má educação dos consumidores atinge principalmente funcionários do setor de serviços

Por: Lucas Saba
Da redação | 10 de agosto de 2022 - 22:20

Se você já se estressou com o funcionário num balcão de serviço público, com a comissária de bordo, com o garçom ou o caixa do supermercado, não está sozinho. E tem mais: na maioria das vezes, a pessoa vítima da explosão não é culpada pela falha que motivou o estresse ou o assunto não está sob seu controle. Funcionários dos serviços de telefonia móvel, garçons e aeromoças estão entre as maiores vítimas de clientes que pecam pela falta de educação, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Atendimento ao Cliente do Canadá.

A ação de brigar com o caixa do mercado ou garçom de um restaurante não é incomum. Entretanto, esse problema vem sendo cada vez mais recorrente. Os dados do estudo mostram que essas atitudes dobraram nos últimos anos e os funcionários entrevistados relataram um aumento das incidências de abuso desde o início da pandemia.

Para Melanie Morrison, professora de Psicologia da Universidade de Saskatoon, no Canadá, esse fato é conhecido como “teoria do bode expiatório”. O termo define a tendência das pessoas de procurarem alguém para culpar por qualquer coisa. Normalmente, sempre o elo mais fraco da equação, o funcionário. Ninguém vai “perder a cabeça” no trabalho, diz Morrison. “Vai acontecer no telefone com um subordinado do serviço de atendimento ao cliente, ou com um atendente de uma loja”, explica ela.

Má educação clientes . Cuidado: pense duas vezes antes de explodir!

Setor de serviços sofre com má educação dos clientes. Foto Pexels. 

Esse tipo de comportamento nem sempre significa que a pessoa responsável pela explosão é má, embora não seja necessariamente agradável.

Os especialistas acreditam que, em geral, existem fatores no inconsciente da pessoa que a leva a ter essas explosões. Em outras palavras, a pessoa carrega uma série de frustrações ou contrariedades e acaba descarregando no funcionário, no garçom. Entender o motivo do estresse é fundamental para se alterar esse tipo de comportamento.

A melhor maneira de evitar uma explosão, ao enfrentar um problema ou dificuldade, seja num balcão de serviços e outros locais é procurar chamar o funcionário pelo nome. “Veja se o nome da pessoa aparece de alguma maneira e passe a chamá-la assim. Mesmo que você esteja irritado, vai se dar conta de que se trata de um ser humano, que tem sentimentos”, explica a professora Melanie Morrison.

Acúmulo de más notícias

Acontecimentos estressantes tornam-se ainda mais difíceis quando as más notícias se acumulam no dia. Quando há um acúmulo de fatos ligados a temas desgastantes, isso pode ser um gatilho para a má educação.

De acordo com a psicóloga e analista de comportamento, Reena Patel, de San Diego, na Califórnia, os humanos, normalmente, não lidam bem com mudanças. Uma rotina alterada, por exemplo, pode irritar a muitos e aumentar a agitação. “Quando as coisas estão um pouco fora do padrão, ou não acontecem do jeito que esperamos, isso causa ansiedade, que não controlada, acaba se transformando em atos agressivos”, diz a médica.

Para a psicóloga, a humanização ajuda na maneira com que vamos tratar um atendente. Sempre pense “nós” quando se referir a alguém. E evite usar o “eu”. Uma boa estratégia é pensar “como podemos resolver esse problema? ”. Assim, a solução será encontrada mais facilmente, e melhor, em conjunto.

“Mesmo que você esteja chateado, você está reconhecendo, e lembrando a si mesmo, que eles são humanos, e têm sentimentos, assim como você e qualquer outro”, conclui Patel.

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