Amostra desse corpo celeste pode revelar como surgiram o Sol e os planetas há bilhões de anos
Pequenos fragmentos do asteroide Ryugu estão sendo examinados pelos cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, que esperam descobrir nas amostras alguns segredos do início do sistema solar, há cerca de 4 bilhões e 600 milhões de anos.
Uma tecnologia desenvolvida na Universidade permite aos cientistas descobrir todos os detalhes das minúsculas amostras. Denominada Xanes (abreviação para Absorção Espectroscópica por Raio-X), a técnica mapeia os elementos químicos presentes nos elementos e analisa sua composição.
Trata-se de uma análise feita na escala da nanotecnologia, ou seja, muito menor do que uma dimensão microscópica, explica a cientista Julia Parker, que lidera a pesquisa. “É emocionante poder contribuir para a análise dessas amostras únicas e imaginar as descobertas que esse trabalho poderá trazer”, afirma Parker, num comunicado distribuído pela Universidade de Leicester.
Descoberto em 1999, circulando no Cinturão de Asteroides existente entre Marte e Júpiter, o Ryugu tem cerca de 900 metros de diâmetro.
Na mitologia japonesa, Ryugu é o nome do palácio submarino do Deus Dragão.
Em 2014, a Agência Espacial Japonesa JAXA lançou a nave Hayabusa2 com a missão de pousar no asteroide e coletar amostras de sua superfície. A nave retornou à Terra em 2020 e, em seguida, a Agência distribuiu parte das amostras para instituições de pesquisas de diversos países.
A análise dessas amostras trará contribuições para o estudo de outras rochas trazidas por futuras missões, inclusive da Lua e de Marte, afirma John Bridges, professor de Ciência Planetária, no Laboratório de Física e Astronomia, da Universidade de Leicester.
Espalhados por uma faixa de milhões de quilômetros entre Marte e Júpiter, o Cinturão de Asteroides começou a ser estudado no século dezenove. Atualmente, o número estimado desses corpos celestes que orbitam na área é de centenas de milhares, com diferentes tamanhos. Alguns são pequenas rochas e outros chegam a ter mais de 900 metros de diâmetro, como o Ryugu. Mas os cientistas não descartam a hipótese de que o número alcance a casa dos milhões.