Um software denominado "Snake" permitiu a criação do maior sistema de cyberespionagem já detectado, segundo o FBI
The Washington Post
O FBI, a polícia federal norte-americana, anunciou a descoberta do maior esquema de cyberespionagem já descoberto até agora, que atuava em mais de 50 países, de acordo com as informações divulgadas em Washington. O esquema se baseava num malware denominado “Snake” (Cobra), um software projetado para invadir computadores e outros dispositivos digitais, capturar informações e transmitir para o comando da operação.
Segundo a versão divulgada pelas autoridades norte-americanas o esquema era operado pelo FSB, o Federal Security Service, o serviço secreto russo que substituiu a antiga KGB, dos tempos da União Soviética. O esquema visava não apenas os computadores de órgãos do governo norte-americano e de países aliados, como também vasculhava dados de jornalistas e outras pessoas tidas como inimigas do governo russo.
Para driblar a vigilância eletrônica dos países visados, os especialistas do FSB realizavam frequentes alterações nos códigos do Snake mas, apesar disso, o esquema foi detectado pelos agentes do FBI, diz a nota oficial.
“Utilizando uma sofisticada operação de high-tech, agentes norte-americanos conseguiram neutralizar as ferramentas de cyberespionagem dos russos, que montaram a mais avançada rede desse tipo para servir aos objetivos do governo russo”, afirmou a vice-procuradora-geral, Lisa Monaco.
Para alcançar seus objetivos, a polícia norte-americana contou com apoio do judiciário, que autorizou o acesso a computadores em locais suspeitos de servir de base para os agentes russos. Um juiz de Nova York concedeu autorização para a invasão de sistemas digitais, em diferentes endereços no entorno da cidade. Para conseguir isso, os agentes recorreram ao chamado Protocolo 41, uma legislação que autoriza a polícia dos EUA a obter acesso remoto a computadores de locais suspeitos, com o objetivo de combater operações de espionagem.
As autoridades norte-americanas trabalharam em conjunto com a polícia de outros países, na chamada “Operação Medusa”, que permitiu a detecção do dispositivo denominado “Snake”. Fontes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informaram que os agentes russos roubavam material dos sistemas que conseguiram acessar e, utilizando computadores instalados em cidades norte-americanas, como se fossem cidadãos locais, conseguiram transmitir as informações para o FSB, em Moscou.