Espanha acelera projetos mas outros países como Itália e França também estão investindo no setor
A União Europeia vem incentivando os países do bloco a investir na construção de novas ferrovias, com o objetivo de aproveitar as vantagens desse tipo de transporte, para passageiros ou cargas. Além de reduzir o uso de combustíveis fósseis, seja a gasolina, diesel e querosene de aviação, utilizados no transporte rodoviário ou aéreo, a liderança do bloco espera conter as emissões de CO2, provocadas pela queima dos combustíveis fósseis.
Com esse objetivo, a UE oferece aos integrantes do bloco financiamentos de longo prazo e juros baixos. Mas, ao mesmo tempo, exige que os países abram o setor ferroviário à concorrência.
Neste sentido, a Espanha é o país que mais se destaca no cumprimento das metas. Em pouco tempo, o país passou a ter 4 empresas oferecendo transporte ferroviário, o que permite maior disponibilidade de trens e preços mais baixos para os viajantes. Isso fez com que os espanhóis turbinassem o mercado interno se tornando referência do assunto no continente. Atualmente, todas as grandes cidades espanholas estão interligadas por ferrovias – Madri, Barcelona, La Coruña, Zaragoza, Valência, Sevilha, Córdoba e Málaga, entre outras – seja por trens de alta velocidade ou linhas comuns. Para se ter uma ideia, uma viagem entre Madri e Barcelona leva apenas 2h30, para cobrir os 506 km. De Madri a Sevilha, os 390km, são cobertos em 2h20.
Até 2021, a espanhola Renfe era a única opção para quem buscava viajar de trem de alta velocidade dentro do país. Em 2023 a Espanha se tornou o primeiro país do bloco europeu a ter quatro empresas diferentes competindo em uma linha de alta velocidade. Ouigo, Avlo, Lumo e Iryo: essas companhias de trem estão competindo com empresas aéreas de baixo custo. As operadores ferroviárias oferecem tarifas a partir de 18 euros. O governo espanhol afirma que dobrará os serviços de trens nas rotas Madri-Barcelona, Madri-Levante e Madri-Sul.
Viajar de trem de alta velocidade é, em muitos casos, a alternativa natural aos voos de curta distância. À medida que os países correm para atingir o carbono zero, eles estão começando a apoiar essa tendência.
Cenário Europeu
Com o objetivo de reduzir o tráfego aéreo, a França proibiu voos entre cidades ligadas por uma viagem de trem de menos de 2,5 horas. Muitos governos correram para introduzir passes de trem baratos, como o novo bilhete de 49 euros da Alemanha. À medida que mais pessoas procuram mudar para o transporte ferroviário na Europa, a legislação da UE está ajudando a aumentar a concorrência, dando aos viajantes mais opções e, muitas vezes, preços mais baixos.
Já na Itália a concorrência entre a empresa ferroviária estatal Trenitalia e a Italo, propriedade privada, na principal linha de alta velocidade aumentou a qualidade e o número de passageiros, além de reduzir ,os preços entre 20 e 25%. Os números da Comissão da UE mostram que os passageiros da ferrovia entre Roma e Milão quadruplicaram na última década. Na Itália, os trens de alta velocidade fizeram tanto sucesso que contribuíram para a falência de algumas companhias aéreas, em 2021.
No entanto, mesmo quando os custos são baixos e os países estão abertos à concorrência, a falta de trens disponíveis pode impedir a entrada de novos operadores nos mercados. À medida que os preços mais baixos atraem mais pessoas para viajar de trem, o incentivo para melhorar as ligações ferroviárias continuará a crescer. A revolução ferroviária da UE deixou a estação.