INTERNACIONAL

Projeto de trem bala fracassa na California

Dez bilhões de dólares gastos e 14 anos depois, o projeto não transportou um único passageiro

Da redação | 13 de outubro de 2022 - 17:12

The Washington Post

Propagandas da empresa anunciavam um transporte rápido e moderno. (Foto: Amtrak)

Depois de US$10 bilhões em gastos e 14 anos após o lançamento do projeto, o trem bala da Califórnia ainda não transportou um único passageiro. E agora tem um custo final estimado em US$113 bilhões, mais do que o triplo dos US$ 33 bilhões previstos inicialmente. Em 2008, por ocasião do lançamento do megaprojeto, a promessa era de que os trens estariam circulando em 2020, o que até hoje permanece distante da realidade.

De acordo com o projeto inicial, a primeira linha deveria ligar Los Angeles a San Francisco, cumprindo os 600 km em menos de três horas.

Em 2019, o governador Gavin Newsom, do Partido Democrata, tentou manter vivo o sonho do trem bala na Califórnia. Ele se comprometeu a construir, inicialmente, os trajetos ligando pequenas cidades que ficam na rota planejada, num total de aproximado de 270 quilômetros. Com isso, ele acreditava que os futuros governadores se sentiriam obrigados a prosseguir com a obra. Mas, apesar dos gastos de bilhões de dólares, nem a metade disso está sobre os trilhos. Para completar, representantes do setor admitem que o projeto pode nunca se concretizar.

Para os moradores da Califórnia que esperavam contar com esse tipo de transporte, o projeto se transformou numa decepção. Os comerciais de TV da Amtrak, empresa de transporte ferroviário dos Estados Unidos, costumavam mostrar os trens serpenteando pela paisagem como um sonho a ser vivido. Com o fracasso do projeto, faz tempo que os comerciais foram tirados do ar.

Outros rejeitaram

Ao contrário da Europa e Ásia, os Estados Unidos até hoje não dispõem de linhas de trem bala. Em 2010 e 2011, os governadores da Flórida, Ohio e Wisconsin rejeitaram a oferta de financiamento feita pelo governo do presidente Barack Obama, para a construção desse tipo de ligação ferroviária. Todos argumentaram que seus Estados não dispunham de recursos para uma obra como essa. Eles levaram em conta os cálculos do Banco Mundial que alertam: para não ser deficitária, uma linha de trem de alta velocidade precisa ter pelo menos 400 km e a garantia de uma demanda permanente, de passageiros que possam trocar o avião por esse tipo de transporte. Ainda assim, boa parte das linhas em funcionamento na Europa e Ásia conta com subsídios do governo.

Diante do fracasso da iniciativa, na Califórnia, especialistas no setor ferroviário lembram que as estruturas de concreto erguidas em alguns trechos ficarão como exemplo de que, quando se trata de dinheiro público, é preciso planejar muito bem antes de dar inicio a um empreendimento.

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