Bastidores da audiência no Tribunal de Manhattan revelaram preocupação com o discurso de ódio disseminado por Trump nas redes sociais
Durante a audiência criminal no Tribunal de Manhattan na qual Trump foi acusado de 34 tipos penais relacionados à ocultação de pagamentos de suborno, o juiz Juan Merchan disse que não emitiria uma ordem de silêncio neste momento, mas alertou Trump para não incitar a violência.
Analistas jurídicos que acompanharam a sessão disseram que o ex-presidente demonstrava um ar de arrogância no tribunal. Trump se declarou inocente de todas as acusações, mas o promotoria de justiça apresentou postagens de mídia social em que Trump está segurando um bastão de basebol ao lado da imagem do promotor Alvin Bragg. A promotoria argumentou que a postagem era uma clara ameaça ao promotor e uma incitação à violência e pediu que o juiz determinasse a lei da mordaça para Trump.
O juiz Merchan disse que não daria uma ordem de silêncio, mas deixou claro a Trump e aos seus advogados: ‘Não quero mais ver isso. Da próxima vez que vir algo assim, posso ter uma ideia diferente sobre o que fazer”, disse o magistrado. Os advogados de defesa revidaram afirmando que o republicano era alvo de vazamentos seletivos e que as postagens nas redes sociais era a forma que ele tinha para se defender.
Mas Trump é Trump. Nas semanas que antecederam a audiência desde que ele anunciou nas redes sociais que seria preso, o ex-presidente atacou ferozmente o promotor Bragg e o juiz Juan Merchan. E, para não fugir à regra, após sair do tribunal, Trump postou no Truth Social uma foto da filha do juiz Merchan com um ataque ligando-a à campanha Biden-Harris em 2020.
Ao retornar para a Flórida, Donald Trump fez um discurso no qual afirmou que os EUA estão “indo para o inferno”. “O único crime que cometi foi defender destemidamente nossa nação daqueles que procuram destruí-la”, afirmou o ex-presidente de 76 anos.
Trump alega que as acusações que pesam contra ele são falsas e que tudo faria parte de uma conspiração democrata para interferir na eleição presidencial do ano que vem, na qual ele está concorrendo.
Cada uma das 34 acusações pode resultar em, no máximo quatro anos de prisão, mas a justiça pode pode conceder a liberdade condicional se Trump for considerado culpado. O julgamento que divide o país, pode começar em janeiro de 2024, durante as prévias do partido republicano para a corrida presidencial.