Decisão anunciada pelo ditador Daniel Ortega é uma reação às críticas do papa ao regime sandinista
A Nicarágua anunciou o fechamento de sua embaixada no Vaticano e também da Nunciatura apostólica – a representação diplomática da Igreja – em Manágua. Trata-se de uma reação às afirmações do papa Francisco, que qualificou o regime nicaraguense como “uma ditadura grosseira”. O pontífice também comparou o regime de Daniel Ortega, com “a ditadura comunista de 1917, na Rússia, e de Adolf Hitler, na Alemanha nazista.
Fontes do Vaticano disseram que o fechamento das duas representações diplomáticas não significa, por enquanto. o rompimento de relações entre a Santa Sé e Manágua, “mas pode ser visto como um primeiro passo neste sentido”. Daniel Ortega já havia ameaçado romper relações, após as declarações do papa, na semana passada.
As relações entre o Vaticano e a Nicarágua se deterioraram após várias decisões de Ortega. O bispo Rolando Alvarez, um crítico do regime, foi condenado a 26 anos de prisão, acusado de “atentar contra a integridade nacional” do país e de espalhar notícias falsas. A prisão ocorreu após a expulsão de padres e fechamento de igrejas. Há um ano, o Núncio Apostólico, o embaixador do Vaticano, arcebispo Waldemar Sommertag, foi expulso por ter alertado para o “afastamento da Nicarágua da democracia”. Na ocasião, o governo retirou suas credenciais diplomáticas, forçando a expulsão.
No início do ano, Ortega ordenou a expulsão de 220 opositores do regime, entre os quais religiosos, políticos e jornalistas, que também perderam a nacionalidade. A maioria foi para a Espanha, onde o governo ofereceu proteção e o direito à nacionalidade espanhola.
A crise se acentuou, na semana passada, quando o governo nicaraguense decidiu fechar duas universidades católicas. Foi após essa decisão que o papa reagiu, afirmando que o regime nicaraguense se comporta como uma “ditadura grosseira”.
Recentemente, Daniel Ortega, que está em seu quarto mandado no comando do governo, acusou a Igreja católica de ser antidemocrática, por não permitir que os católicos elejam o papa, os cardeais, bispos e padres.