GUERRA
Imagem: Associated Press

Rússia empurra combatentes para a morte na tentativa de conquistar cidade ucraniana

Mercenários russos são lançados na linha de frente dos combates, expostos à artilharia adversária. Zelensky promete "resistir até o fim"

Por: Lucas Saba
Da redação | 7 de março de 2023 - 21:55
Imagem: Associated Press

The Washington Post 

O exército da Rússia mantém o plano de captura da cidade de Bakhmut, cidade do Leste da Ucrânia, que se transformou no epicentro da guerra. Mas, ao invés de lançar a ofensiva utilizando seus próprios soldados, os estrategistas russos despacham para o front os mercenários do grupo Wagner, que acabam se expondo ao fogo da artilharia ucraniana e sofrem grandes baixas. As tropas russas só avançam depois que o terreno já foi conquistado pelos mercenários, que se queixam da falta de apoio logístico, de armas e munições por parte do alto comando russo.

Entre os homens alistados para lutar pela força mercenária Wagner estão jovens recrutados no interior da Rússia, sob falsas promessas de altos soldos, mas muitos acabam morrendo assim que entram em combate. Além desses recrutas, o grupo também é composto por criminosos retirados das prisões e despachados para o front. Temendo a queda da cidade em poder dos mercenários, mais de 90% dos civis ucranianos já deixaram Bakhmut.

Para as forças locais é mais difícil o combate com os mercenários do que com a tropa russa. Os mercenários normalmente tentam ataques em padrões irregulares e imprevisíveis, sem qualquer estratégia clara”, afirma Dmytro Vatagin soldado ucraniano localizado na cidade vizinha, Ivanivske com o 24º Batalhão.

Grupo sanguinário Wagner

Bakhmut é uma rota de abastecimento de armas. (Fonte: Instituto de Estudos da Guerra)

Os mercenários são utilizados como “testa de ferro” para enfraquecer as tropas ucranianas. Somente no final do dia que as forças russas mais bem treinadas entram na briga, buscando fazer um avanço real. “Wagner e os mobilizados estão sendo jogados como bucha de canhão” em direção à linha de frente, disse Vatagin.

Ainda assim, seu estilo de luta representa um desafio para as tropas ucranianas. Eles demonstram muita disposição para os combates, provavelmente forçados pelos comandantes das tropas. E não desistem apesar das centenas de baixas em ambos os lados. “É mais fácil lutar contra o exército russo porque você entende o que eles vão fazer e como você vai reagir contra eles”, afirma Vatagin.

Zelensky promete resistência 

Com os russos ainda pressionando fortemente do norte, leste e sul para cercar Bakhmut, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reuniu com seus principais aliados, e garantiu “Kiev não tem a intenção de entregar a cidade”, mesmo que esteja quase toda destruída.

Apesar dos relatos de queixas de soldados ucranianos de que eles estão lutando sob condições insustentáveis, e especialistas militares insistindo que Bakhmut é de pouco valor estratégico de longo prazo para a Rússia, Zelensky descarta uma retirada, alegando que, se abrirem mão da cidade, os russos terão um amplo corredor para avançar pela região Leste do país.

O chefe do governo local, Valery Zaluzhny, se reuniu com o comandante militar ucraniano, e com Oleksandr Syrsky, o comandante do exército, que endossaram a defesa da cidade. “Eles defenderam a continuidade da operação de defesa e fortalecimento ainda mais em nossas posições em Bakhmut,” afirmou.

Situação cada vez mais difícil

Grupo sanguinário Wagner

Bakhmut, cidade ucraniana totalmente destruída pelos mercenários russos. (Crédito: AP) 

A equipe de Vatagin é responsável por manter o controle da rodovia que liga Ivanivske a Bakhmut – a estrada permanece vulnerável aos ataques da artilharia russa, mas é uma rota de abastecimento chave. Com as forças russas controlando o território ao norte, sul e leste, a área está sob bombardeios regulares.

O ataque da Rússia a Bakhmut, foi liderado pela força mercenária Wagner, que enviou os recrutas das prisões em grupos para enfraquecer a resistência dos ucranianos ou para expor suas posições. Muitos com anos de experiência lutando na Síria ou na África, então se movendo para proteger o território. Mesmo assim, os avanços russos têm sido extremamente lentos.

Syrsky, o comandante das forças terrestres, disse que a Rússia está na ofensiva desde 5 de janeiro, com mais de 320.000 soldados lutando na Ucrânia, de acordo com a inteligência militar da Ucrânia, centenas são esperados para se juntar ao campo de batalha nesta primavera.

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