Divagação estimula a criatividade, ajuda na solução de problemas e no humor
Quando crianças estão distraídas durante uma tarefa, muitos adultos dizem “tire a cabeça das nuvens e se concentre”. Mas, o que muitos não sabem, é que essa divagação nos pensamentos pode ser positiva. É o que aponta um estudo recente feito pela Universidade de Tübingen, na Alemanha, e a Universidade de Kyoto, no Japão.
O estudo foi feito com 259 universitários. Eles foram convidados a se sentarem e esperarem em uma sala silenciosa, sem fazer nada, durante 20 minutos. Embora parecesse uma tarefa entediante, foi melhor do que muita gente imaginava. Nos seis experimentos realizados, foi descoberto, de forma consistente, que o prazer e o envolvimento previstos pelos próprios participantes para o tempo vago foram maiores do que imaginavam.
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O mesmo estudo também avaliou os níveis de satisfação que podem resultar do fato de passar algum tempo divagando, comparados a outras atividades. Por exemplo, a leitura. Ambos experimentos por 20 minutos. No final, os resultados foram semelhantes. Ou seja, as pessoas que julgaram a leitura como mais prazerosa, tiveram níveis de prazer parecidos com a divagação mental.
De acordo com estudos anteriores realizados pelos psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert, da Universidade Harvard, se perder nos pensamentos influencia a mente em diversos aspectos. São eles: habilidades para resolver problemas; criatividade; sentido de significado da vida; metas; humor; saúde mental em geral.
Os pesquisadores explicam que momentos do dia a dia como andar de transporte público, aguardando em uma fila de uma lanchonete, por exemplo, são oportunidades boas para sonhar acordado. Nada de celular!
“Os seres humanos têm uma capacidade impressionante de mergulhar em seu próprio pensamento. Nossa pesquisa sugere que os indivíduos têm dificuldade em apreciar o quão envolvente o pensamento pode ser. Isso poderia explicar por que as pessoas preferem se manter ocupadas com dispositivos e outras distrações, em vez de dedicar um momento para reflexão e imaginação na vida cotidiana”, diz uma das autoras do estudo, Aya Hatano.
É comum ao acordar, e ao dormir, já pegar o celular e dar uma olhadinha no que está rolando no mundo. Segundo o psicoterapeuta e especialista em traumas, o britânico Ruairí Stewart, essa ação faz parte de uma tática de sobrevivência. O doomscrolling, que é o ato incessante de rolar a tela do celular, está ligado à necessidade do ser humano de estar sempre atento ao que está acontecendo ao redor e, assim, evitar possíveis perigos a serem enfrentados. Mas também está relacionado à ansiedade excessiva.
“As pessoas tendem a fazer o doomscroll devido à necessidade de se sentir no controle. Toda essa ansiedade e incerteza em torno da segurança em seu ambiente pode desencadear esse comportamento. A incerteza dispara a necessidade de buscar mais informações provenientes da necessidade de se sentir mais no controle”, explica Stewart.