MEIO AMBIENTE

Só em 2022, bilhões de celulares serão descartados em depósitos de lixo eletrônico

Especialistas defendem iniciativas para conscientização e ações para diminuir o impacto no meio ambiente

Por: Júlia Castello
Da redação | 15 de outubro de 2022 - 19:34

Dos 16 bilhões de telefones celulares existentes em todo o mundo, mais de um terço deles não estão em uso e, só este ano, 5,3 bilhões deles serão jogados fora. Os grandes depósitos de lixos eletrônicos já se tornaram um problema em muitos países, o que tem preocupado autoridades locais e organizações de defesa do meio ambiente, que defendem medidas urgentes para resolver o problema. A estimativa das organizações que acompanham o setor é de apenas 17% do lixo eletrônico é reciclado.

Minerais que compõem aparelhos eletrônicos, como o cobre em fios ou o cobalto em baterias recarregáveis podem ser utilizados para a fabricação de novos produtos. “As pessoas tendem a não perceber que todos esses itens aparentemente insignificantes têm muito valor e juntos em nível global representam volumes enormes”, declarou Pascal Leroy, diretor do Fórum Internacional de Resíduos e Equipamentos Elétricos e Eletrônicos – WEEE.

No início deste ano, a organização “Royal Society of Chemistry” lançou uma campanha promovendo a reciclagem de lixo eletrônico com o objetivo de produzir novos equipamentos. A organização, formada por cientistas e acadêmicos do Reino Unido,chama a atenção para a escassez de metais preciosos utilizados na fabricação de produtos eletrônicos. Daí a necessidade de se planejar a reciclagem de forma mais efetiva.

Reciclagem, além de fazer bem ao meio ambiente, é fundamental para a fabricação de novos produtos. (Foto: FreePik)

A União Internacional de Telecomunicações das Nações Unidas também fez uma campanha de conscientização e propôs uma meta para aumentar a reciclagem do lixo eletrônico no mundo em 30%. “Esses resíduos mais complexos e de mais rápido crescimento afetam tanto a saúde humana quanto o meio ambiente, porque contem substâncias nocivas”, alertam os especialistas.

De acordo com a pesquisa da organização “Material Focus”, mais de 20 milhões de itens elétricos, que estão funcionado, não são utilizados apenas no Reino Unido. Se cada família inglesa vendesse estes aparelhos para consumidores finais ou mesmo para empresas de reciclagem, poderiam arrecadar cerca de 200 libras, o que equivale a cerca de mais de mil reais.

Situação no Brasil 

A realidade do Brasil não é muito diferente dos países da Europa. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de lixo eletrônico, segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas. Só aqui, as pessoas descartaram mais de 2 milhões de toneladas  de eletrônicos, nas últimas décadas. Além disso, incluindo o Brasil, apenas 3% do lixo eletrônico da América Latina é descartado de forma a não prejudicar o meio ambiente.

Cerca de 95% deste lixo possui materiais de alto valor como ouro ou metais, que poderiam ser reutilizados. O que representa uma perda de 1,7 bilhão de dólares, equivalente a 8,5 bilhões de reais. Dos 13 países da região, apenas Costa Rica, Equador e Peru têm legislação específica sobre o descarte de materiais eletrônicos.

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