Pessoas têm medo de "ficar por fora" e enfrentam sensação de solidão e baixa autoestima
Sigla em Inglês para “Fear of Missing Out” – FOMO, significa “medo de estar por fora”. E reflete a situação de pessoas que, principalmente após a pandemia, tiveram dificuldade de se reintegrar em grupos sociais. O que, consequentemente, poderia causar uma perda de bons momentos com amigos ou colegas de trabalho. Por conta disso, algumas pessoas passaram a se sentir ansiosas e com a impressão de que estão ficando para trás ou perdendo alguma coisa. E isso pode levar a mudanças de humor, sensação de solidão e baixa autoestima.
A questão também está relacionada com o uso das redes sociais, onde alguns se sentem excluídos, por várias razões. De um lado existe a preocupação com o excesso de permanência nas redes. Daí o fato de que o Instagram, do grupo Meta, criou uma ferramenta que ajuda a limitar o uso do aplicativo.
As redes sociais entram nessa discussão como grandes agravantes da FOMO. A psicóloga Paula Maria Sousa, que também é professora do Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos (UNICEPLAC), explica que durante a pandemia houve um aumento de postagens individuais nas redes. E, por conta disso, iniciou “A ideia de que já que não posso sair de casa, então que eu possa viver a partir do que é postado em rede”. Porém, esse comportamento continuou para muitas pessoas, principalmente os adolescentes, no pós-pandemia.
Segundo Pamela, os sintomas da FOMO são mudanças súbitas de humor e baixa autoestima, podendo se tornar um vício. Mas, como discutir sobre saúde mental ainda é um tabu na sociedade, esses comportamentos são mais difíceis de serem reconhecidos e mudados.
Mônica Carvalho, Socióloga da PUC-SP e pesquisadora do Observatório das Metrópoles, afirma que o que se vê nas redes sociais nada mais é do que “fragmentos”. E que, ao invés de serem um espaço público de discussão, mostram uma individualização narcísica das pessoas, ou seja, apenas o que há de melhor na vida do indivíduo.
Mônica também explica que a sociedade é forçada, a todo momento, a migrar para a internet, até mesmo em lugares que não deveria, como escolas e imprensa, por exemplo. Tudo é pautado pela mídia social, o que torna esse “desligamento” quase que impossível para as pessoas. “Na hora que reforçamos a rede social, quem está de fora se sente mal. ”, afirma ela.
Em contraponto, também existe a síndrome de JOMO, que é o oposto de FOMO, “Joy of Missing Out”, a alegria de ficar por fora do que acontece nas redes sociais. São aquelas pessoas que conseguem dizer “NÃO” para esse espaço para aproveitar a vida real, que é imperfeita e cheia de desafios.