Novo estudo da Universidade de Otawa contesta pesquisas anteriores que apontavam vantagens de raciocínio para os 'corujas noturnos'
As pessoas matutinas tendem a ter a inteligência verbal superior àquelas mais noturnas. É o que aponta um estudo desenvolvido pelo pesquisador Stuart Fogel, neurocientista cognitivo, da Universidade de Ottawa, no Canadá. Mas essa vantagem dos madrugadores sobre as pessoas de hábitos noturnos depende de alguns fatores, como a idade e a hora de ir para a cama.
Vale lembrar que a inteligência verbal ou linguística está relacionada com a transmissão eficaz de ideias, a capacidade oral e escrita, a rapidez no aprendizado de novos idiomas e um vocabulário amplo. Tudo isso pode tornar uma pessoa mais inteligente do que a média em vários aspectos.
O estudo foi realizado com 61 adultos, entre 18 e 35 anos, sendo 75% mulheres. Primeiro, os pesquisados tiveram que usar um monitor de pulso por 10 dias consecutivos para determinar quais eram os cronotipos de cada um (horário que a pessoa tem mais facilidade para atividades intelectuais e exercícios físicos).
Após a primeira fase, as pessoas dormiam, em média, das 23:46 às 07:54, um período de sete horas. A eficiência do sono delas foi de 89%, o que colaborou para um dia seguinte mais produtivo e com o sono estável. Além de um estado emocional mais equilibrado.
Embora os resultados tenham sido satisfatórios a respeito das pessoas matutinas, é necessário cautela ao mudar a rotina de forma brusca. Segundo uma pesquisa divulgada pela revista científica Nature Communications, com dados de mais de 700 mil participantes, existem mais de 350 fatores genéticos que podem influenciar uma pessoa a ter mais energia pelo período da manhã ou à noite.
No estudo do Dr. Fogel foi possível encontrar diferenças do ciclo circadiano, – o ritmo natural do próprio corpo, que dura as 24 horas do dia e regula as principais atividades e processos biológicos de cada pessoa – de acordo com as idades.
Os indivíduos mais jovens são mais “tipos noturnos”, enquanto os mais velhos são mais matinais. Essa diferença é importante na análise do dia a dia, pois ao forçar uma rotina matinal a pessoa pode, na verdade, ir contra o próprio relógio biológico do corpo e ter resultados não satisfatórios.
A regulação do sono de acordo com a análise de eficiência cognitiva é “fundamental para os jovens, especialmente crianças e adolescentes em idade escolar, que têm seus horários definidos por seus pais matutinos e suas rotinas. Isso pode significar um desserviço aos jovens”, explica Fogel.
O ideal é manter a quantidade de horas de sono de acordo com a faixa etária regulada, diariamente. “Nosso cérebro realmente anseia por regularidade e para mantermos uma sintonia com nossos próprios ritmos temos que manter esse cronograma, e não estar constantemente tentando recuperar o atraso”, acrescenta o pesquisador. Fogel lembra que, até recentemente, acreditava-se que as pessoas conhecidas como “corujas noturnas”, eram mais produtivas e até mesmo mais inteligentes, mas isso não se confirma pelos estudos mais recentes.
Faça testes durante as férias. Marque os horários que o corpo acorda sozinho no dia a dia, e os momentos de mais eficiência cognitiva. Tente ajustar seus compromissos, ao voltar para a rotina, de acordo com as suas análises.