Considerada "indesejável", Greenpeace classificou a medida como "um golpe muito sério"
O governo da Rússia classificou a organização de defesa do meio ambiente Greenpeace como “indesejável” e criminalizou as ações do grupo, colocando funcionários e ativistas sob risco de serem processados ou até presos.
A medida, bastante criticada em todo o mundo, foi vista como mais um sinal de repressão às liberdades na Rússia depois que o governo silenciou a mídia independente, fechou grupos de defesa dos direitos humanos e colocou atrás das grades as principais figuras de oposição ao Kremlin.
As autoridades russas acusam o Greenpeace de propaganda anti-Moscou e tentativa de subverter o poder no país. O gabinete do Procurador-Geral de Justiça da Rússia divulgou um comunicado afirmando que o grupo ambientalista representa “uma ameaça aos fundamentos da ordem constitucional e da segurança do país”, informa o documento.
O comunicado diz ainda que, desde o início da guerra da Rússia na Ucrânia, os ativistas do Greenpeace sempre estiveram envolvidos em “propaganda anti-Rússia”, inclusive pedindo a aplicação de sanções e isolamento econômico contra o país.
“A liquidação do Greenpeace na Rússia é um passo absurdo, irresponsável e destrutivo que nada tem a ver com a proteção dos interesses do país”, disse o Greenpeace em comunicado publicado em seu site russo.
O que a saída do Greenpeace representa para a proteção do patrimônio natural da Rússia?
O grupo realiza diversas ações de fiscalização ambiental no território russo e algumas delas conseguiram impedir a implementação de planos que destruiriam a natureza, como a proteção do Baikal, o maior e mais profundo lago de água doce do mundo.
“Todos os anos, nossos funcionários e voluntários salvam florestas e turfeiras do fogo”, acrescenta o Greenpeace.
Com a medida, voluntários e apoiadores não têm mais permissão para discutir ou interagir com o Greenpeace, mas os organizadores esperam que algumas atividades ambientais sejam mantidas no país. “Isso não significa que eles não possam fazer algo sozinhos”, explica Mikhail Kreindlin, especialista em legislação de proteção da natureza que trabalha para o Greenpeace na Rússia desde 2001. “Treinamos alguns voluntários, eles têm suas próprias habilidades. Bombeiros voluntários, por exemplo, podem combater incêndios por conta própria em suas próprias áreas”, recomenda o ambientalista.
O Greenpeace divulgou que espera que os equipamentos, veículos e recursos de propriedade da organização na Rússia continuem a ser usados para a proteção ambiental.
A decisão do governo russo pode trazer embaraços para outras organizações internacionais que ainda estão presentes no país.