Forças de segurança da China investiram contra funcionários de uma fábrica da Apple, que protestavam contra atrasos no pagamento de salários e as severas restrições destinadas a conter o novo surto de Covid-19. Os policiais agrediram os manifestantes com cassetetes e pontapés. Dezenas de trabalhadores ficaram feridos, mas as autoridades se recusam a confirmar tanto o número de vítimas, como de prisões. Imagens da repressão não foram divulgadas.

O protesto ocorreu numa das fábricas da Foxconn Technology, a maior montadora de produtos da Apple, em Zhengzhou, capital da província de Henan, região central da China. Zhengzhou é conhecida como a “iPhone City”, já que mais de 200 mil pessoas trabalham nas diversas unidades da Apple na região.

Trabalhadores abandonam a fábrica da Foxconn, em Zengzhou, onde houve forte repressão (Foto: Hangpai Xingyang)

As tensões aumentaram desde que o governo impôs um lockdown, na tentativa de conter a expansão do vírus da Covid. Os funcionários foram colocados sob rigoroso isolamento. São obrigados a permanecer em alojamentos lotados e a consumir refeições improvisadas. Muitos abandonaram a fábrica, fugindo à pé, como mostram imagens que circulam nas redes sociais.

A Foxconn e as autoridades locais prometeram compensação salarial, pelas longas jornadas e a falta de permissão para deixar o local, mas as promessas não estão sendo cumpridas.

A situação em Zhengzhou é um reflexo do que acontece no restante do país. As autoridades chinesas decretaram severas restrições à circulação de pessoas, em dezenas de cidades. O comércio foi fechado e estão proibidas as viagens de uma cidade ou de uma província para outra.

Apesar de todas as medidas restritivas, mais de 250 mil casos foram registrados nas últimas três semanas, sendo cerca de 30 mil em apenas 24 horas. Na cidade de Guanghzhou, com 11 milhões de habitantes, na região sudoeste do país, enfrenta um dos maiores focos do novo surto de Covid. Lá, 19 hospitais foram destacados apenas para pacientes de Covid e as autoridades locais anunciaram planos para instalar hospitais de campanha, com capacidade de atender 250 mil pessoas.