Criado inicialmente para o meio acadêmico, os aplicativos podem ser acessados por qualquer pessoa
Para as pessoas que adoram plantas, flores e árvores, mas nunca tiveram tempo para estudar botânica, agora chegaram os companheiros perfeitos. Graças à inteligência artificial, qualquer pessoa com um celular pode tirar uma foto ou gravar um som para identificar dezenas de milhares de espécies, desde peixes até abelhas nativas.
Para as pessoas que não sabem a diferença entre um girassol e uma margarida, esta nova geração de aplicativos naturalistas é a Pedra de Roseta para o mundo natural.Existem mais de uma dezena de aplicativos que prometem ajudar a identificar o mundo natural, muitos deles pagos. Não se preocupe. Quatro aplicativos, projetados e gerenciados por cientistas, atendem a todas as suas necessidades de identificação gratuitamente.
O mais fácil de usar é o Seek. O aplicativo, uma ramificação do iNaturalist, uma iniciativa conjunta da Academia de Ciências da Califórnia e da National Geographic Society, permite gravar vídeos, captura automaticamente os quadros e os analisa. A experiência de realidade aumentada é como baixar uma língua estrangeira em seu cérebro. O aplicativo identifica a taxonomia de plantas e animais instantaneamente enquanto você fotografa. Se não conseguir descobrir a espécie, ele lhe dará o melhor palpite.
Para aqueles que desejam se aprofundar um pouco mais existe o iNaturalist e o Pl@ntNet. Ambos oferecem aplicativos sofisticados, embora um pouco menos amigáveis, que carregam e analisam fotografias da flora. Em segundos, eles geralmente retornam uma lista classificada de candidatos em potencial com descrições detalhadas de cada um.
Aqueles que adoram os pássaros, devem baixar o Merlin Bird ID, um projeto do Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, nos EUA. O aplicativo utiliza o recurso de microfone do celular para identificar o canto dos pássaros, além de produzir uma partitura daquela música.
No reino animal, a grande novidade foi o Snapshot Serengeti, lançado em 2018, que utiliza uma câmera digital para registrar as milhares de espécies que fazem as migrações na África. Os algoritmos podem identificar 99% dos animais com extrema precisão, conforme artigo publicado pela Proceedings of the National Academy of Sciences, uma das mais prestigiadas publicações científicas dos Estados Unidos.
Aplicativo Pl@ntNet consegue identificar espécies por meio de uma ou mais fotografias. Também permite que o usuário partilhe suas observações. Foto: Michael Coren/ Washington Post)
Inovações como essa permitem que qualquer pessoa identifique uma flor, uma planta ou, se estiver nas planícies africanas, diferenciar uma onça de um guepardo. Estamos apenas no início do verdadeiro progresso científico real”, explica o pesquisador, Grant Van Horn, que trabalha com programas de identificação. “Nossa inspiração é obter esse conhecimento e compartilhá-lo com qualquer pessoa que tenha um telefone no bolso(…) E nada disso acontece sem um grupo apaixonado de pessoas que ajudam você a selecionar, treinar e avaliar os dados. Ainda há muitas oportunidades para essas comunidades apaixonadas contribuírem com seus conhecimentos.”
De acordo com pesquisadores, o maior avanço destes aplicativos pode não ser tecnológico. Existem milhares de espécies à nossa volta, que nem sequer notamos, ou não conhecemos. Em seu livro Braiding Sweetgrass, Robin Wall Kimmerer descreveu isso como “estar perdido em uma cidade estrangeira onde você não consegue ler as placas de rua”.
Dessa forma, ao instigar a curiosidade humana e aumentar o conhecimento sobre a fauna e a flora que nos rodeia, a tecnologia pode ser o aliado essencial para restabelecer o contato do seu humano com a natureza. Esta talvez seja o a chave para tornar os indivíduos mais conscientes sobre a importância de proteger o planeta Terra e todos os seres que habitam nele.
Conheça alguns destes aplicativos gratuitos:
– Seek
– Merlin Bird ID
– iNaturalist
– Pl@ntNet
