MEIO AMBIENTE

Sem a preservação da natureza, não haverá alimentos e água

Estudo oferece uma nova maneira de abordar a questão da conservação dos recursos naturais

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 30 de novembro de 2022 - 21:55

Conservar 30% das terras do planeta e 24% das jurisdições marítimas de cada país poderia garantir 90% dos recursos necessários para a população global, como alimentos, água potável e proteção contra inundações. Esta é a conclusão de um estudo realizado pela organização não governamental Conservation International, em colaboração com a Universidade de Minnesota, nos EUA.

Divulgado pela revista Nature Ecology and Evolution, o estudo oferece uma nova maneira de abordar a questão da conservação da natureza, protegendo as áreas de que as pessoas precisam para sustentar suas vidas cotidianas e meios de subsistência.

De acordo com o estudo, os esforços internacionais de conservação já em andamento podem ser eficazes na preservação de uma proporção significativa dos benefícios da natureza para as pessoas – se forem cuidadosamente direcionados. Por exemplo, mais de 100 países se comprometeram até agora com a “Iniciativa 30×30” que busca proteger, conservar e restaurar 30% da área terrestre e marítima globalmente até 2030. Metas de conservação que incluem as áreas naturais que fornecem esses benefícios para as pessoas podem oferecer um maior retorno sobre o investimento tanto para os seres humanos quanto para a natureza.

Produção agrícola e conservação da natureza devem caminhar juntas, diz estudo. (Foto: Pexels)

“Uma das questões críticas para o futuro é esta: onde devemos concentrar nossos investimentos de tempo e recursos? Embora a natureza seja importante em todos os lugares, o estudo ajuda a identificar os lugares que estão entre os mais críticos para as comunidades locais, vilas e cidades próximas, bem como para a humanidade como um todo”, disse David Hole, autor do estudo e vice-presidente de soluções globais da Moore Center for Science da Conservation International. “Seja fornecendo água limpa, segurança alimentar ou proteção contra tempestades, é fundamental que essas áreas sejam priorizadas nos esforços globais de conservação”.

Esses ecossistemas podem ser encontrados em todos os cantos do planeta. Algumas são potências ambientais bem conhecidas – como as florestas da Amazônia e da Bacia do Congo – enquanto outras podem passar despercebidas, como as Montanhas Apalaches, no leste dos EUA. Mas cada uma é vital para as comunidades que apoia. É importante ressaltar que cada país tem algumas áreas críticas que beneficiam as comunidades locais, muitas vezes encontradas nas cabeceiras de grandes bacias hidrográficas ou próximas a áreas densamente povoadas, como o rio Paraná, que atravessa o Brasil, Paraguai e Argentina, conectando muitos centros populacionais da América do Sul. Da mesma forma, as cabeceiras dos rios Yangtze e Mekong emergem como áreas de importância fundamental para muitas pessoas na Ásia.

O mais importante para as nações do mundo é obter o acordo final sobre a Estrutura Global de Biodiversidade Pós-2020, que é o foco principal das próximas negociações da COP-15, a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, que vai ocorrer em Montreal, no Canadá, de 7 a 19 de dezembro. Este quadro definirá a direção e a ambição das ações para proteger, conservar e restaurar a natureza para a próxima década.

Esses mapas também transmitem uma mensagem crítica sobre as sinergias entre os valores da natureza – as terras que fornecem o maior benefício direto para as pessoas abrigam pelo menos 60% de todas as espécies de vertebrados terrestres – mamíferos, aves, répteis e anfíbios – e se sobrepõem a mais de 80% da área global mais importante para manter estoques críticos de ‘carbono irrecuperável’. Essa sobreposição substancial cria uma oportunidade vital para diminuir as crises do clima e da biodiversidade, ao mesmo tempo em que mantém a natureza de que as pessoas precisam.

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