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População da China cai pela primeira vez desde 1961

População da China cai pela primeira vez desde 1961

Para especialistas, fenômeno antecipa uma possível crise demográfica sem precedentes na segunda maior economia mundial

Por: Mario Augusto
Da redação | 17 de janeiro de 2023 - 11:19
População da China cai pela primeira vez desde 1961

A população da China de 1,4 bilhão de pessoas caiu pela primeira vez em 60 anos, atingindo a menor taxa de natalidade das últimas décadas, apenas 6,77 nascimentos para cada mil pessoas. Em 2022, o país teve 850 mil nascimentos a menos do que o registrado em 2021.

A taxa de natalidade chinesa vem diminuindo há vários anos, não somente em função da política do filho único, que vigorou até 2015, mas também por causa de uma mudança cultural entre as gerações mais jovens, principalmente entre as mulheres que adiam ou decidem não ter filho para não prejudicar a carreira profissional.

Para os demógrafos é sinal de que a China está entrando em uma era de crescimento negativo da população. Em termos comparativos, em 2021, os Estados Unidos registraram 11,06 nascimentos para cada mil habitantes, o Reino Unido, 10,08 nascimentos e a Índia, que, ainda este ano, deve ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo, apresentou 16,42 nascimentos por mil.

A crise demográfica deve forçar o governo a rever a sua política de controle da natalidade uma vez que o envelhecimento da população traz uma série de problemas estruturais para a economia, como a redução da força de trabalho e o aumento dos gastos públicos com saúde dos mais velhos e outros custos de seguridade social. Basicamente a pirâmide etária invertida significa um número menor de jovens gerando riqueza para bancar o custo social da população mais velha.

População da China cai pela primeira vez desde 1961

Mulheres chinesas adiam ou trocam maternidade pela carreira. (Foto: Pexels)

“Essa tendência vai continuar e talvez piorar depois da Covid-19”, afirma Yue Su, economista principal da Economist Intelligence Unit. O especialista acredita que a população da China vai diminuir ainda mais até 2023. “A alta taxa de desemprego entre os jovens e a fraqueza nas expectativas de renda podem atrasar ainda mais os planos de casamento e parto, diminuindo o número de recém-nascidos”, finalizou.

Controle de natalidade

O crescimento populacional da China foi fortemente impactado pela política do filho único. Ela foi introduzida em 1979 para retardar o crescimento da população. Famílias que descumpriam as regras de terem somente um filho eram multadas e, em alguns casos, até perdiam os seus empregos.

Além disso, por causa do fator cultural que historicamente favorece meninos em detrimento de meninas, a política do filho único também levou a abortos forçados porque as famílias só podiam ter um filho e queriam – obrigatoriamente – que ele fosse um menino.

Essa política gerou também um desequilíbrio de gênero. Nem todos os chineses conseguem uma mulher para casar e gerar filhos. Em 2020, havia 34,9 milhões de homens a mais do que mulheres no país.

A política do filho único foi desfeita em 2016. A partir dessa data, os casais foram autorizados a ter dois filhos, mas a medida, por si só, não levou a um aumento progressivo da taxa de natalidade.

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