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(Foto: Freepik)

Para não afundar, Nova York terá de parar de construir arranha-céus

Edifícios pesam mais de 700 milhões de toneladas. Especialistas estudam soluções para preservar a ilha

Por: Lucas Saba
Da redação | 24 de maio de 2023 - 20:55
(Foto: Freepik)

O solo de Nova York está afundando entre um e dois milímetros por ano, devido ao peso de todos os seus grandes edifícios – e não é a única cidade costeira a sofrer desse problema. A cidade, assentada em sua maior parte sobre a Ilha de Manhattan,  possui mais de um milhão de arranha-céus que somados pesam 762 milhões de toneladas de concreto, vidro e aço, de acordo com os pesquisadores do Serviço Geológico dos EUA. Para os especialistas a única maneira de interromper esse afundamento é parar as construções dos edifícios imediatamente.

Há algumas razões pelas quais as cidades costeiras estão afundando, mas o peso da infraestrutura humana pressionando a terra está acelerando isso. Em 2020, a massa de objetos feitos pelo homem ultrapassou a de toda a biomassa viva. “Este é um fenômeno global. Nova York pode ​​ser vista como um exemplo para outras cidades costeiras no mundo que têm populações crescentes, com aumento da urbanização e potencial elevação do nível do mar,” diz Tom Parsons, geofísico do Serviço Geológico da Califórnia e um dos quatro autores do estudo.

Nova York

Time Square, em NY, nos Estados Unidos. (Crédito: Unsplash)

Uma solução é parar de construir. Como explica Parsons, “grande parte de Nova York tem um leito rochoso de mármore, essas rochas têm um grau de elasticidade e fraturas que contribuem para o afundamento, isso precisa parar.” Outra alternativa, pelo menos para alguns lugares, é evitar a retirada de água subterrânea. Parsons alerta que o aumento da urbanização provavelmente elevará a quantidade de água subterrânea sendo extraída e combinará com ainda mais construções para lidar com o crescimento da população. Encontrar formas mais sustentáveis ​​de suprir as necessidades de água da cidade e manter os níveis dos lençóis freáticos pode ajudar.

No entanto, a abordagem mais comum é um programa, sem garantia de sucesso, de construção e manutenção de defesas contra inundações, como paredes marítimas. A adaptação de Tóquio ao afundamento de terras tem duas vertentes. A cidade construiu estruturas físicas como paredões de concreto, estações de bombeamento e comportas. Estes são combinados com medidas sociais como ensaios de evacuação e um sistema de alerta precoce.

Outros exemplos

Algumas cidades ao redor do mundo – como Jacarta, capital da Indonésia – estão afundando muito mais rápido do que outras. Nesse ritmo, a cidade pode desaparecer em algumas décadas.

A Cidade do México está afundando a impressionantes 50 centímetros por ano, em consequência da drenagem da água subterrânea, que teve início com os espanhóis quando a ocuparam como colônia, há 500 anos. A pesquisa sugeriu que poderia levar 150 anos para frear o rebaixamento, até lá a cidade pode afundar mais 30 metros.

Os primeiros efeitos de uma elevação relativa do nível do mar, ocorrem abaixo da superfície. “Existe infraestrutura enterrada, fundações enterradas para edifícios e, em seguida, a água do mar começa a levar essas coisas muito antes de vê-las acima do solo.” À medida que isso acontece, as tempestades levam a água cada vez mais para dentro das cidades, diz Steven D’Hondt, professor de oceanografia da Universidade de Rhode Island, dos EUA.

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