O Pontífice reconheceu a existência de uma carta de renúncia assinada de próprio punho, mas que a aposentadoria não está em sua agenda no momento
O Papa Francisco encerrou uma longa especulação sobre uma possível renúncia após a morte do Papa Emérito, Bento XVI. Francisco disse claramente que a renúncia de pontífices, em vez de governarem até o fim da vida, não deveria se tornar uma “moda” na Igreja Católica Romana. Para o Papa que abriu a igreja para as minorias, uma renúncia deve acontecer somente em circunstâncias verdadeiramente excepcionais.
As declarações foram feitas em conversas privadas com jesuítas durante a recente viagem do Papa à República Democrática do Congo no início de fevereiro e vão de encontro a declarações anteriores sobre o mesmo assunto.
Em 2014, Francisco disse que a renúncia de Bento XVI não deveria ser vista como “um caso único” e que, ao deixar o cargo, Bento havia se tornado “uma instituição que abriu uma porta, a porta dos papas eméritos”.
Oito anos mais tarde, em julho de 2022, Francisco disse que o aumento da idade e as doenças, incluindo um problema no joelho que o obriga a usar uma bengala e uma cadeira de rodas, o fizeram perceber que precisava desacelerar “ou decidir se afastar”. No mês seguinte disse que os papas que renunciam são “humildes”.
No dia 2 de fevereiro, em Kinshasa, capital do Congo, o Papa Francisco foi questionado sobre os boatos de uma possível renúncia. O pontífice respondeu que após sua eleição em 2013, entregou uma carta de renúncia a um funcionário do Vaticano para ser usada caso um dia ele sofresse de uma condição médica grave que o deixasse permanentemente inconsciente ou incapaz de tomar decisões.
“Isso não significa, no entanto, de forma alguma que a aposentadoria dos papas deva se tornar, digamos, uma moda, uma coisa normal”, disse Francisco. “Acredito que o ministério papal deve ser vitalício. Não vejo razão para que não seja assim. A tradição histórica é importante. Se, em vez disso, dermos ouvidos a fofocas, teríamos que mudar de papa a cada seis meses”, brincou o santo Padre.
Mas, para tranquilizar os fiéis católicos, Francisco disse que sua própria renúncia, mesmo que por motivos de saúde, não está na agenda do pontífice no momento.
Alegando saúde física e mental frágil, em 2013, o Papa Bento XVI, tornou-se o primeiro pontífice a renunciar ao papado em 600 anos de história recente da Igreja Católica.
Depois da aposentadoria e de ter sido declarado Papa Emérito, Bento viveu por quase 10 anos. Nesse período continuou escrevendo e recebendo visitantes, que às vezes revelavam o conteúdo das conversas trocadas com o papa, o que, de certa forma, serviu para alimentar a ala mais conservadora da igreja católica, que está visivelmente descontente com o papado de Francisco.
De acordo com os principais assessores de Bento XVI, o papa aposentado permaneceu lúcido até alguns dias antes de morrer em 31 de dezembro do ano passado.