Francisco enfrenta oposição de grupos conservadores que não o queriam no cargo e ficariam satisfeitos se ele renunciasse
O Papa Francisco completa 10 anos de pontificado neste 13 de março, uma trajetória dificultada pela oposição de grupos conservadores que não o queriam no cargo e ficariam satisfeitos se ele renunciasse.
A divisão na Igreja Católica tem sido um assunto comum, desde que ele apareceu pela primeira vez na varanda da Basílica de São Pedro, em 2013, vestindo uma batina branca simples, evitando as capas e acessórios vermelhos e dourados usados por séculos.
Cardeais e arcebispos contrários a Jorge Bergoglio costumam repetir que ele causa muita confusão e enfraquece a Igreja quando aborda questões sobre mudanças climáticas, desigualdade social e solta frases como “homossexualidade não é crime, mas é pecado” ou “”divorciados que voltaram a se casar não têm que se sentir excomungados, como também podem viver e evoluir como membros ativos da Igreja”.
Por uma década, mesmo ao discutir o funcionamento interno do Vaticano, o Papa Francisco insistiu que a Igreja não é a Igreja de Cristo se não estender a mão, compartilhando a “alegria do Evangelho” e colocando os pobres no centro de sua atenção.
Sua decisão de não morar no Palácio Apostólico, seus convites aos lixeiros, jardineiros e outros funcionários da Santa Sé para se juntarem a ele em sua missa matinal diária, sua insistência em ir à ilha italiana de Lampedusa para celebrar a missa e rezar pelos imigrantes que se afogaram no Mediterrâneo cativou a atenção da mídia, dos internautas nas redes sociais e até dos ateus e descrentes em geral.
Um resumo de seus dez anos como papa pode ser observado em números: ele fez 40 viagens ao exterior, visitando 60 países; em oito consistórios nomeou 95 cardeais com menos de 80 anos e elegíveis para votar em um conclave (reunião com votação secreta para escolher o líder da Igreja); prestou homenagem a 26 clérigos com mais de 80 anos; e presidiu as canonizações de 911 novos santos, incluindo um grupo de mais de 800 mártires, mas também santos. João Paulo II, João XXIII e Paulo VI estão nesta lista.
Em seu primeiro documento importante, a exortação apostólica, “A Alegria do Evangelho”, ele estabeleceu um programa para seu papado, olhando internamente e externamente. A sua preocupação sempre foi “encorajar e guiar toda a Igreja em uma nova fase de evangelização, marcada pelo entusiasmo e pela vitalidade”.
Entre as várias determinações, reformar as instituições da igreja destacando o papel missionário; encorajar os agentes pastorais a ouvir e ficar com as pessoas a quem eles ministravam (“o cheiro das ovelhas”); promover a paz e o diálogo e integrar os pobres na Igreja e na sociedade, em vez de vê-los como objetos de assistência.