Estados Unidos e Europa já sentem o impacto da decisão; no Brasil, o combustível tende a seguir as variações internacionais
Uma coalizão de nações produtoras de petróleo liderada pela Arábia Saudita anunciou, nesta quarta-feira, (05/10), que deverá reduzir a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia. O grupo de países disse que está fazendo a mudança “à luz da incerteza que envolve as perspectivas econômicas e do mercado global de petróleo, além da necessidade de aprimorar a orientação de longo prazo para o mercado”.
Será a primeira vez que o grupo reduz as metas de produção de petróleo desde o início da pandemia de Covid-19. A Opep Plus informou que o corte na produção entraria em vigor em novembro.
O movimento foi muito mais agressivo do que a maioria dos analistas esperava até alguns dias atrás, e reflete o desejo das nações produtoras de petróleo de conter a recente queda nos preços globais. Ao elevar os preços da energia, o corte também pode ajudar a Rússia – que depende das vendas de gás e petróleo para uma grande parte de seu orçamento – financiar sua guerra contra a Ucrânia, que os EUA tentaram minar.
Os preços mais altos da energia também podem enfraquecer a determinação de outros países, que apoiaram a Ucrânia na tentativa de repelir a Rússia após a invasão de fevereiro.
O corte ocorre apesar do lobby agressivo do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, para que o consórcio continue a produção nos níveis atuais ou superiores — pontuado pela visita de Biden à Arábia Saudita em julho.
Biden havia prometido no início de seu governo tornar a Arábia Saudita um pária internacional, mas voltou a se envolver ao tentar usar todos os canais disponíveis para conter os aumentos no preço do gás que prejudicaram seus índices de aprovação doméstica.
Os preços do petróleo já saltaram no mercado, nesta semana, em antecipação às notícias de hoje. Espera-se que aumentem ainda mais agora, provavelmente acima de US$ 100 por barril.
Também espera-se que o anúncio eleve as pressões inflacionárias nos EUA e na Europa, bem como minar o esforço para fortalecer a Ucrânia enquanto ela se defende contra a invasão russa. A Rússia havia pressionado pelo corte de produção, o que permitirá a Moscou vender petróleo por preços mais altos no mercado global, gerando mais receita para sua guerra e mobilização de tropas.
Por volta das 12h30 desta quarta (05/10), o preço do petróleo tipo brent já havia subido 2%, cotado a 93,50 dólares o barril. As companhias brasileiras de capital aberto que produzem petróleo e gás, a PetroRio e a 3R, já negociam as altas na bolsa em um valor de 4%. Já a Petrobras, de 2%. Com isso, o aumento do preço do combustível no país deve aumentar, em breve, impactado pelo mercado internacional.