ECONOMIA
Foto de Robin Sommer na Unsplash

OPEP anuncia corte na produção de 1 milhão de barris de petróleo/dia

Decisão deve provocar aumento nos preços e o risco de uma nova espiral inflacionária, com graves prejuízos para a economia global

Da redação | 2 de abril de 2023 - 17:49
Foto de Robin Sommer na Unsplash

Bloomberg

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP – pegou de surpresa os países importadores ao anunciar um corte de 1 milhão de barris/dia, na produção de seus associados. A decisão deve provocar forte reflexo na onda inflacionária que se espalhou por todos continentes nos últimos dois anos e que só agora começava a ser contida.

E significa que os bancos centrais serão forçados a manter altas as taxas de juros, reduzindo as perspectivas de crescimento econômico. A Arábia Saudita, que lidera o cartel dos produtores, anunciou um corte de 500.000 barris e logo foi acompanhada pelos demais integrantes da organização, como o Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Argélia, entre outros.

Nesta segunda-feira, os preços do petróleo tipo Brent – que servem de base para o mercado internacional, registraram aumento de 5,4% em relação ao fechamento de sexta-feira, ficando em US$84,24,

A decisão vai provocar novos atritos entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos, que têm sido tensas nos últimos tempos. Os EUA estão entre os países ocidentais que pediram aos países da OPEP para não reduzirem a produção, para evitar o aumento nos preços e os reflexos na inflação. Mas os produtores não se comprometeram a atender aos pedidos.

A Casa Branca já reagiu, lamentando a decisão dos produtores. O presidente Joe Biden fez uma viagem pelos países produtores, em Julho do ano passado, mas retornou a Washington sem qualquer promessa por parte dos sauditas e seus vizinhos.

Em Outubro, a OPEP pegou de surpresa os importadores anunciando um corte de 2 milhões de barris/dia. Esse anúncio foi feito semanas antes das eleições legislativas nos EUA, o que teve reflexos negativos para o Partido Democrata, no poder.

Com o corte anunciado pela OPEP, cerca de 1 milhão e 600 mil barris deixarão de ser oferecidos aos países consumidores, somando-se a redução adotada pela Rússia no ano passado. O governo de Vladimir Putin cortou o fornecimento de gás e petróleo ao Ocidente como represália contra as sanções aplicadas a Moscou por conta da invasão da Ucrânia.

O governo saudita anunciou neste domingo que os cortes constituem “uma medida preventiva destinada a garantir a estabilidade do mercado de petróleo”.

Após a instabilidade provocada pelos cortes do ano passado, pela OPEP e pela Rússia, que levou os preços do petróleo acima dos 100 dólares o barril, houve uma queda acentuada neste início de ano. Na média, em março, os preços giraram em torno de 80 dólares o barril.

 

 

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