ECONOMIA

Onda de pedidos de demissão pelo mundo persiste após Covid

Movimento iniciado no início da pandemia surpreende analistas. Oferta de emprego cresce nos EUA.

Da redação | 21 de agosto de 2022 - 22:00

Um movimento mundial de pedidos de demissão em massa por parte de trabalhadores de todas as áreas, no início de 2021, chamou a atenção dos economistas e sociólogos internacionais, que logo responsabilizaram o caos econômico e social gerado pela pandemia de Covid-19 pelo fenômeno. Naquele momento, muitos trabalhadores se demitiram devido a preocupações com a saúde ou porque suas empresas não forneciam suporte adequado ao trabalho remoto. De forma surpreendente, o movimento começou de forma espontânea em diversos países ao mesmo tempo.

Por um motivo ou por outro, milhões de pessoas partiram preferencialmente para alguma atividade profissional própria, em busca de maior autonomia ou significado em seu trabalho. Muitas dessas mudanças foram motivadas por reflexões pessoais diante do isolamento da pandemia. Mas houve também a parcela que se desligou do emprego em busca de mais qualidade de vida ou em busca de melhores rendimentos em outras atividades.

demissão pelo mundo não para

Pessoas partem em buscas de outras atividades. Foto: Pexels.

Mas, agora, algo inesperado pelos analistas econômicos e sociais está acontecendo. Apesar das restrições da Covid terem sido suprimidas na maioria dos países, a onda de auto-demissões continua acelerada em praticamente todo o mundo. Os dados deste ano mostram que, além da manutenção do fenômeno, muitos trabalhadores que ainda não se demitiram planejam fazê-lo nos próximos meses.

Especialistas sugerem que dois fatores ainda alimentam essa tendência. Embora a pandemia tenha servido como gatilho, as sementes da onda de auto-demissões foram plantadas bem antes.

As pessoas passaram a olhar para o trabalho e o papel que desejam que ele desempenhe em suas vidas de uma maneira diferente. E passaram a buscar atividades que se alinhem melhor a seus valores pessoais.

Essa epidemia de pedidos de demissão é especialmente verdadeira nos EUA. A onda de auto-demissão foi consistente ao longo de 2021, quando uma média de quase 4 milhões de pessoas deixaram seus empregos a cada mês. Isso é mais de meio milhão a mais do que as médias mensais de 2019. Em janeiro de 2019, havia cerca de 7 milhões de vagas de emprego nos EUA; um ano depois, o número de vagas em aberto cresceu para 11,26 milhões.

O comportamento se manteve neste ano. No final de março de 2022, o Bureau of Labor and Statistics (BLS) registrou um recorde de 11,5 milhões de vagas de emprego. E há boas razões para acreditar que o fenômeno persistirá, inclusive fora dos EUA: uma pesquisa da PwC com mais de 52.000 trabalhadores em 44 países mostrou que um em cada cinco planeja deixar o emprego no próximo ano.

Outros estudos mostram números ainda maiores, como dados do Conference Board, que indicam que esse número chegaria a 30% para trabalhadores norte-americanos. Em uma pesquisa separada com 1.000 trabalhadores do Reino Unido, também quase um terço disse que planeja sair em breve.

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