Mulheres são as que mais acessam, mas os namorados também estão entre os mais bisbilhoteiros, em busca de indícios de traição
Pelo menos 82% dos americanos admitem espionar os dispositivos digitais de outras pessoas, principalmente os telefones celulares, de acordo com uma pesquisa encomendada pelo Secure Data Recovery, nos Estados Unidos. Namorados/as e ex-parceiros são os mais propensos a desrespeitar o direito à inviolabilidade de comunicação.
De acordo com a pesquisa, aqueles que espionam os telefones alheios normalmente têm um motivo para estar sempre tão desconfiados. O mais assustador é que 70% dos entrevistados afirmaram ter encontrado revelações incriminadoras ou preocupantes depois de passarem pelos dispositivos de alguém. As mais comuns são evidências de traição, flerte digital ou trapaças pessoais.
A pesquisa traçou um perfil dos bisbilhoteiros. Nove em cada dez dos curiosos compulsivos admitiram que vão direto para as mensagens, e-mails ou mensagens diretas de mídia social das suas vítimas. 44% verificam primeiro as fotos de uma pessoa e 38% leem o histórico do navegador de seu alvo. A geração do milênio é a mais propensa à espionagem digital. Os millennials representam 85% do total de bisbilhoteiros e logo atrás vem a geração Z (77%). Os millennials são os nascidos entre entre 1981 a 1995. E a Geração Z os nascidos entre a segunda metade da década de 1990 até o início do ano 2010.
Apesar de serem menos representativos, há casos de espionagem digital direcionadas a crianças (9%), amigos (8%), pais (7%), irmãos (7%) e colegas de trabalho (3%). Um aspecto curioso é que 35% nunca se sentem culpados por bisbilhotar o aparelho de outra pessoa.
Pegar no flagra
Apesar de constituir uma ofensa à privacidade alheia, 81% dos que admitiram acessar os dispositivos eletrônicos sem autorização dos donos, também afirmam que nunca foram pegos enquanto bisbilhotavam os outros.
Segundo a pesquisa, as mulheres são as que mais acessam dispositivos de outras pessoas, elas representam 88% da amostragem contra 77% de homens. E como espionam mais, as mulheres também são as que menos se arrependem de acessar as comunicações dos outros.
O Secure Data Recovery entrevistou 1.003 pessoas nos Estados Unidos por meio da plataforma de pesquisa on-line Prolific, perguntando sobre os hábitos e opiniões de espionagem digital. 48% dos entrevistados eram mulheres, 50% homens e 2% não-binários. As idades dos entrevistados variaram de 18 a 76 anos.
Vale lembrar que no Brasil, o Código Penal, em seu artigo 154-A, considera essa prática como um crime, caracterizado como delito de invasão de dispositivo informático. A pena prevista vai de 1 a 4 anos de prisão, além de multa.