COMPORTAMENTO

A curiosidade abre as portas da criatividade

Instinto desperta neurotransmissor associado à aprendizagem e ao prazer no trabalho

Por: Júlia Castello
Da redação | 10 de outubro de 2022 - 19:23

Estudos na área da neurologia e psicologia têm mostrado que a curiosidade não apenas é essencial para o sucesso acadêmico, devido a maior facilidade de aprendizagem e criatividade, como pode gerar mais prazer no trabalho.

Para os pesquisadores do Departamento de Psicologia, da Universidade de Edimburgo no Reino Unido, a curiosidade é o terceiro pilar do desempenho acadêmico, independentemente do QI, pois estimula o aprendizado e a memória do novo. Pesquisadores da estudo da Universidade da Califórnia realizaram um teste com um grupo de participantes, em que cada um estava deitado em um scanner cerebral de ressonância magnética. Os pesquisadores liam perguntas como “O que o termo dinossauro realmente significa?”, seguidas das respostas. Após uma hora, eram questionados sobre o conteúdo das respostas.

Além de maior fixação de novos conteúdos, a curiosidade exercita a paciência. (Foto: Pexels)

Facilidade no aprendizado

Por meio do scanner foi possível analisar que a curiosidade melhora as formas de conexão neurais, fazendo com que a pessoa não apenas aprendesse algo novo, como também se lembrasse mais tarde. Segundo a pesquisa, quando os participantes estavam muito curiosos sobre um fato,  eram 30% mais propensos a se lembrar dele. Especialistas explicam que a curiosidade libera a dopamina. O neurotransmissor que normalmente é associado ao prazer, seria responsável pela formação de novas conexões neurais, ou seja, o aprendizado.

Memória das novas informações

A pesquisa da Universidade da Califórnia mostrou ainda que a dopamina liberada pela curiosidade ajudava também na assimilação até de informações secundárias, ou de menor relevância. Junto com as perguntas e respostas realizadas pelos pesquisadores, eles também mostravam aos participantes imagens de rostos e depois de uma hora além da informação, verificavam se os participantes reconheciam os rostos expostos. O resultado foi que os participantes eram muito mais propensos a se lembrar do rosto se ele acompanhasse uma das perguntas mais interessantes que despertaram sua curiosidade.

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Paciência na resolução de problemas

A curiosidade também pode fazer com que as pessoas se tornem mais pacientes. Um novo estudo, apresentado este ano pela estudante de doutorado na Duke University, na Carolina do Norte, Abigail Hsiung, mostrou que a curiosidade despertava maior paciência e assim a conclusão da tarefa dada, que era a solução de um quebra cabeça. As pessoas menos curiosas eram mais impacientes e muitas pediam para ir direto às respostas, sem concluir a atividade.

Além disso, uma pesquisa da escola de negócios da Boston College em Chestnut Hill, Massachusetts, nos Estados Unidos, mostrou que a curiosidade ajuda as pessoas a construir ideias mais interessantes e originais. Durante o experimento, os participantes foram separados em dois grupos e cada um recebeu uma versão de um truque de mágica do famoso Houdini que escondia um elefante.

O resultado foi de que o grupo de participantes expostos a versão da história mais intrigante, que dava mais elementos para aguçar a curiosidade, foram os mais criativos na resposta de como foi realizado o truque de mágica. Já o grupo de pessoas que leu a versão menos interessante da história, tendiam a se contentar com a primeira ideia que lhes vinha à cabeça, que geralmente era menos ambiciosa ou interessante.

Bem-estar, inclusive no trabalho

Em seu livro “The Art of Insubordination”, o professor de psicologia da Universidade George Mason em Fairfax, na Virgínia, Todd Kashdan, mostrou como a curiosidade traz benefícios e maior sentimento de satisfação no trabalho. A pesquisa realizada com 800 voluntários dos Estados Unidos e Alemanha de diversos setores, tiveram que avaliar uma série de declarações como “Fico animado pensando em experimentar ideias diferentes”, para descobrir se eram pessoas mais ou menos curiosas.

O resultado foi de que os participantes considerados mais curiosos relatavam melhores experiências e bem-estar no ambiente de trabalho, em comparação com os outros voluntários. Em seu livro, Kashdan também mostrou que as pessoas mais curiosas estão mais abertas a ouvir opiniões dos outros, mesmo que sejam divergentes das suas, facilitando desta forma, o trabalho em grupo.

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