MEIO AMBIENTE

O dióxido de carbono, CO2, é fonte vida ou vilão da natureza?

Embora tenha um lado perverso para o meio ambiente, o carbono também oferece contribuições

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 21 de setembro de 2022 - 21:59

Tido como o grande vilão, responsável pelo aquecimento global, o carbono tem um papel fundamental na natureza: é um dos únicos elementos que ligam tudo o que existe no globo terrestre. Ele está em toda parte. Desde uma cadeira a um foguete, de uma bactéria a um elefante.  A pele, cabelo, sangue, ossos, músculos e tendões, todos eles dependem do carbono. Carbono é vida. Mas o carbono também tem o seu lado ruim, negativo, perverso, principalmente para o meio ambiente.

Mudanças climáticas naturais ocorreram ao longo da história humana. O século 20, no entanto, registrou um rápido aumento nas temperaturas globais. Os cientistas descobriram que o dióxido de carbono (CO2) e outros gases do efeito estufa são os agentes que provocaram a subida da temperatura dos últimos anos.

O efeito estufa que acontece naturalmente captura o calor do Sol antes que ele seja solto de volta à atmosfera. Isso permite que a superfície da Terra permaneça quente e habitável. O mecanismo tem esse nome porque retém o calor de forma parecida com a de um telhado de vidro ou de uma estufa para agricultura. Esses vapores que seguram o calor são chamados de gases de efeito estufa. Porém, níveis muito altos desses gases retêm mais calor do Sol, resultando no aquecimento global que vem preocupando o mundo inteiro.

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Quando respiramos, soltamos gás carbônico, quando andamos de carro, seu veículo também ajuda a aumentar a presença dele no ar. Mas os maiores emissores de CO2 são as atividades industriais e agrícolas. E no mundo do campo, os principais gases de efeito estufa associados são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20). O metano vem dos processos de digestão do gado e do esterco animal. O óxido nitroso é gerado dos fertilizantes de nitrogênio orgânico e mineral.

O dióxido de carbono, CO2, é fonte vida ou vilão da natureza?

Agricultura, atividade que pode contribuir para sequestrar carbono (Crédito: Redgreystocka / Freepik)

Embora o dióxido de carbono seja mais presente no ar, o óxido nitroso e o metano têm durações mais longas na atmosfera e absorvem mais radiação de ondas longas. Isso significa que pequenas quantidades dos dois últimos gases podem ter efeitos importantes nas mudanças climáticas. Práticas agrícolas comuns, incluindo dirigir um trator, cultivar o solo, usar fertilizantes à base de combustíveis fósseis, defensivos químicos e produtos biológicos também provocam a liberação de dióxido de carbono.

Com o crescimento da população mundial e a mudança dos hábitos nutricionais, o consumo global de alimentos deve aumentar nas próximas décadas. Esse aumento por demanda de comida pode levar a um crescimento dos GEE, devido à intensificação da produção agrícola e ao aumento das sementes, mudas, fertilizantes, defensivos químicos e equipamentos para o cultivo.

O que está totalmente descartado é a redução da produção global de alimentos para diminuir os impactos no sistema climático mundial, pois isso afetaria a segurança alimentar do planeta, elevaria os preços no mercado e prejudicaria o acesso aos alimentos.

Agricultura como solução

Agricultura é a única área que tem a capacidade de se transformar de um emissor líquido de CO2 em um sequestrador de CO2. Isso é possível devido ao fato de que o carbono pode ser armazenado por um longo período de tempo (décadas a séculos ou mais) de forma benéfica nos solos em um processo chamado sequestro de carbono do solo. Essa última medida ajuda redução das mudanças climáticas, diminuindo as emissões dos gases do efeito estufa e mantendo a produção de alimentos. São as terras agrícolas e as florestas que conseguem pegar o gás carbônico da atmosfera em grandes quantidades e sequestrá-lo nos conjuntos de raízes. O gás carbônico é absorvido pelas plantas da natureza e das lavouras por meio da fotossíntese, armazenando o carbono na biomassa em troncos de árvores, galhos, folhagens, raízes e solos.

Segundo a associação CropLife Brasil, que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em áreas essenciais para a produção agrícola sustentável, a  capacidade das terras agrícolas de armazenar ou sequestrar o CO2 depende de vários fatores como clima, tipo de solo, tipo de cultivo ou cobertura vegetal e práticas de manejo. O sequestro do carbono no solo também aumenta com as rotações de culturas, cultivo mínimo, adubo verde e sistemas agroflorestais.

a CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos.

 

Uma compensação de carbono é definida como um instrumento que representa a redução, prevenção ou sequestro de uma tonelada métrica de dióxido de carbono ou gás de efeito estufa equivalente.

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