A vida fora da União Europeia está custando caro para os britânicos
De malas prontas para deixar o poder, o primeiro-ministro Boris Johnson leva em sua biografia uma pesada herança: as promessas não cumpridas do Brexit, a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. Pesquisa realizada em Julho, pelo Instituto Statistica, revelou que 51% se arrependem de ter apoiado o Brexit, enquanto 38% ainda defendem a medida.
Um dos argumentos de Boris Johnson para defender o Brexit era que a Grã-Bretanha economizaria 350 milhões de libras por semana, podendo impulsionar os serviços públicos com esse dinheiro. O que aconteceu foi justamente o oposto disso. Investimentos saindo do Reino Unido, retaliações comerciais dos países vizinhos e profissionais qualificados voltando para os seus países de origem com o fim do acordo.
E a lista do legado do Brexit é ainda mais extensa. O volume de importação e exportação no país caiu em 20%, o que afeta a economia local, e consequentemente a balança comercial. Com isso, o Reino Unido tem a maior inflação do G7: 9,4%. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia cresceu em média 8,5% desde o Brexit, o do Reino Unido ficou estacionado em apenas 3,8%.
Outra área afetada com o fim do acordo foi a de intercâmbio acadêmico e científico. Centros de pesquisa foram fechados repentinamente e cientistas de outros países voltaram para os seus lugares de origem. Para o professor da Universidade de Warwick, Thiemo Fetzer, de origem alemã, quem não é inglês não é mais bem-vindo no Reino Unido “Eu considero o Reino Unido minha casa, mas é uma casa que me rejeita, não dá para continuar assim. ”
E os problemas para os britânicos vão ainda mais longe: estudantes que tinham acesso a bolsas de estudo em universidades de vários países do bloco europeu, agora têm o acesso limitado. E os viajantes do Reino Unido que chegam aos países da União Europeia, perderam as facilidades de trânsito nos postos de imigração e precisam enfrentar longas filas ao lado de turistas da Ásia, América Latina e outras regiões.