Nossos primos distantes tinham mais em comum com o homem atual do que se imaginava
A maioria das pessoas ainda acredita que o homem de Neandertal era uma espécie extremamente rude, um caçador nômade, avesso ao convívio social e que tudo isso contribuiu para seu desaparecimento.
Estudos recentes indicam, no entanto, que eles tinham muita coisa em comum com o Homo Sapiens, com o qual conviveram e se misturaram. Primeiro, vale lembrar que os humanos atuais têm entre 1,8 e 2,6% de genes dos seus primos Neandertais, adquiridos por cruzamento genético, com o Homo Sapiens, ocorrido há cerca de 50 mil anos. Os cientistas acreditam que mais de 30% do genoma neandertal sobrevive em toda a população atual do planeta.
Mas as semelhanças vão muito além da carga genética. Ao contrário do que se acreditou por muito tempo, os Neandertais não eram brutamontes arredios. Eles se juntavam em grupos, principalmente na hora de dividir a caça.
Eles utilizavam o fogo para cozinhar seus alimentos, construíam ferramentas de pedra para cortar as carnes e, o mais surpreendente, sabiam fabricar ornamentos pessoais semelhantes às joias atuais. Combinando diferentes tipos de fibras, eles fabricavam redes, cestos e até tecidos. Também destilavam casca de bétula para produzir alcatrão.
Pesquisas recentes revelaram que os Neandertais cuidavam dos doentes ou feridos, além de construir túmulos decorados para os mortos.
“Quanto mais sabemos dos Neandertais, mais eles se parecem com o homem atual”, afirma o Dr. Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres.
Por sua vez, a pesquisadora do Departamento de Arqueologia da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, define assim o interesse das pessoas pelos Neandertais: “As pessoas querem saber tudo sobre eles porque eles nos oferecem um espelho perfeito, no qual podemos olhar e ver como éramos num passado remoto”.
O homem de Neandertal circulou entre a Europa e a Ásia, de 400.000 a 40.000 anos atrás. A espécie vivia da caça e da migração para escapar dos rigores do clima que, naqueles tempos, passou de uma Era do Gelo a temperaturas amenas que lembram alguns períodos do ano no Hemisfério Norte. O nome Neandertal se deve à descoberta de um exemplar da espécie, em Agosto de 1856, encontrado numa mina de calcário, situada no Neanderthal (vale de Neander, em alemão) nas proximidades de Dusseldorf, na Alemanha. O que os cientistas ainda esperam descobrir é como eles desapareceram, após a convivência com o Homo Sapiens, que acabou predominando e se espalhando pelo planeta.