Entre os libertados pelo regime de Daniel Ortega estão lideres da oposição, empresários e até estudantes
Nesta quinta-feira, o regime de Daniel Ortega, libertou 222 presos políticos que o país mantinha presos há anos ou meses, muitos deles sem qualquer processo formal, além de acusações genéricas de oposição ao governo.
Da prisão, as pessoas foram obrigadas a embarcar em um avião com destino a Washington, nos EUA, onde seus familiares os esperavam. Do aeroporto, eles foram transferidos, provisoriamente, em grupos de 20, para hotéis próximos.
Todas as pessoas que entraram nos Estados Unidos foram rastreadas e investigadas por diferentes agências, incluindo o FBI, e novamente na chegada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos EUA. O regime de Ortega emitiu um comunicado sobre o que chamou de “deportação imediata” desses 222 presos por “minar a independência, soberania e autodeterminação do povo, por incitar a violência , terrorismo e desestabilização econômica”. Quase imediatamente, a Assembleia Nacional se reuniu para reformar o artigo 21 da Constituição Política, que regula a nacionalidade nicaraguense, declarando apátridas os presos políticos que foram considerados “traidores da pátria”.
Entre os expulsos estão Dora María Téllez, Comandante II da revolução, líderes políticos da oposição, estudantes presos e empresários. No entanto, o bispo Rolando Álvarez, uma das vozes mais críticas do regime de Ortega, recusou-se a embarcar no avião. “Deixe-os em liberdade, eu pago a sentença”, disse ele, segundo fontes da Igreja Católica. Álvarez foi transferido da casa onde cumpria prisão domiciliar para a temida prisão conhecida como El Chipote.
As famílias dos presos vibraram com a informação nas redes sociais, mas nem todos conseguiram ser soltos. O Grupo de Prisioneiros Políticos da Nicarágua, um observatório civil, assegurou, no entanto, que, depois de comparar sua lista de pessoas detidas por motivos políticos na Nicarágua com a lista de pessoas divulgadas pelo regime, identificou “38 pessoas que não foram incluídas.” “Exigimos sua libertação imediata” disse o comunicado do grupo.
Entre os libertados está Juan Sebastián Chamorro, empresário e candidato à Presidência, que descreveu a libertação de presos políticos como um “milagre da liberdade”. Ele expressou sua gratidão aos Estados Unidos por acolhê-los. “Estamos muito gratos por 222 pessoas terem conseguido sair da ditadura que oprime nosso país, infelizmente. No meu caso pessoal, ontem completei 20 meses, um ano e oito meses atrás das grades em uma prisão de segurança máxima, em condições muito deploráveis. E o mais importante de tudo é que fomos vítimas de uma enorme injustiça”, explicou Chamorro.
A decisão do governo Ortega ocorre dois dias depois que o sistema de justiça sandinista desqualificou “para sempre” de cargos públicos ou eleições populares pelo menos 14 pessoas, incluindo quatro padres católicos e presos políticos. O Governo não confirmou a libertação e exílio dos familiares dos presos políticos.
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