Mais de 5 mil mulheres russas grávidas desembarcaram na Argentina, nos últimos meses, com o objetivo de dar à luz no país, para que seus filhos tenham cidadania argentina. Em um único voo que chegou a Buenos Aires, procedente de Moscou, na semana passada, havia 33 mulheres russas, todas grávidas e algumas acompanhadas dos maridos. Segundo informações da Polícia Federal argentina, elas pagam entre 20.000 e 35.000 dólares para entrar no país e ter acesso a um hospital já agendado para o parto.

As autoridades argentinas investigam uma rede que, além de organizar as viagens, também providencia a documentação para que os bebês, nascidos em solo argentino, tenham direito à nacionalidade. Com isso, os pais também ganham o direito ao passaporte argentino. Tudo isso é feito em tempo recorde, violando as leis de imigração e utilizando documentos falsos. As mulheres entram como turistas e, em poucas semanas, já dispõem de um passaporte argentino.

O objetivo da maioria delas é se mudar para algum país da Europa ou para os Estados Unidos, o que dificilmente poderiam fazer com um passaporte russo. Cidadãos argentinos podem viajar para 171 países, sem necessidade de visto, enquanto os russos, principalmente após o início da guerra na Ucrânia, enfrentam restrições cada vez maiores.

A descoberta da rede de falsificação de documentos levou as autoridades a apertar o cerco contra viajantes procedentes da Rússia. Neste final de semana, 6 mulheres russas grávidas foram detidas no aeroporto de Buenos Aires. Mas foram liberadas horas depois, por razões humanitárias.

A Polícia Federal argentina fez investigações em apartamentos na área de Puerto Madero, ocupados por supostos integrantes da rede de tráfico humano. Foram apreendidos computadores, celulares, papéis em branco para documentação, dólares e euros, mas não foi revelado o montante em dinheiro.

Polícia Federal argentina faz batida em Puerto Madero, em busca de integrantes da quadrilha que falsifica documentos. (Foto:PFA)

“Estamos investigando uma operação dedicada ao tráfico de migrantes e à falsificação de documentos”, informa uma nota divulgada pela Polícia Federal argentina, acrescentando que as investigações foram iniciadas por ordem da juíza Maria Servini, após denúncias encaminhadas às autoridades sobre violações nos trâmites migratórios.

Sites de viagem na Rússia oferecem pacotes para a Argentina, dedicados especificamente a mulheres grávidas. Os pacotes incluem planos personalizados para o parto, serviço de transporte do aeroporto para endereços determinados, lições de Espanhol e “descontos nos melhores hospitais da capital argentina”.

(A imagem de capa foi licenciada para o Creative Commons por Vmzp85)