No 11º dia de protestos contra a reforma previdenciária, jovens voltam a entrar em choque com a polícia
Os franceses radicalizaram as manifestações contra a reforma da previdência e atacaram dois locais icônicos para Emmanuel Macron: uma empresa de investimentos que atua no mercado financeiro e o restaurante favorito do presidente, em Paris.
Em mais um dia de manifestações contra a reforma, que aumentou a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, os protestos se espalharam por Paris e outras cidades francesas. Os manifestantes enfurecidos ocuparam o prédio da empresa norte-americana BlackRock, especializada em em gestão de ativos de risco. A invasão na empresa de investimentos tem a ver com as origens de Macron, que fez carreira no mercado financeiro e trabalhou para o banco Rothschild.
O segundo alvo icônico das manifestações foi o restaurante preferido de Macron, o La Rotonde, na margem esquerda do Rio Sena, onde o presidente ofereceu um jantar para comemorar a sua vitória na eleição de 2017. Os manifestantes atiraram pedras no restaurante, incendiaram o toldo e atiraram garrafas e tinta contra a polícia que chegou para reprimir a agitação.
“O governo quer jogar fora as pensões, quer obrigar as pessoas a financiarem a própria aposentadoria com a previdência privada, mas o que sabemos é que só os ricos poderão se beneficiar de tal armação”, afirmou o professor Françoise Onic, uma das 400 mil pessoas que participaram dos protestos em Paris, de acordo com o sindicato CGT.
A ira dos manifestantes também atingiu uma agência do Crédit Agricole, outra instituição financeira, que teve suas janelas quebradas antes que a polícia chegasse para dispersar a multidão. A polícia de choque em toda a França reprimiu os protestos usando bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Pelo menos 20 manifestantes foram detidos em Paris após confrontos com a polícia.
Os manifestantes afirmam que a única maneira de acabar com as greves e manifestações nas ruas é o governo voltar atrás na implementação da reforma previdenciária – uma opção que Macron rejeita.