Agora são 19 Estados norte-americanos que permitem esse tipo de punição aos alunos
Na volta às aulas, no distrito de Cassville, no Missouri, alunos e pais foram surpreendidos por uma medida disciplinar. A direção da escola local decidiu pela volta da palmatória, para punir alunos por mau comportamento. Na verdade, a surpresa foi só para uma parte dos pais, uma vez que outros haviam sugerido a adoção da medida. A escola tem 1.900 alunos.
Agora, são 19 Estados norte-americanos que permitem esse tipo de punição, considerada arbitrária e ultrapassada pela maioria dos educadores. Em alguns desses estados, a medida é adotada tanto em escolas públicas como particulares.
Durante encontro entre pais e professores, as famílias foram avisadas de que o conselho escolar havia adotado uma política permitindo “o uso da força física como método de correção do comportamento dos alunos”. Os pais receberam formulários para especificar se autorizam a escola a usar a palmatória (parecida com uma tábua de queijos) nos filhos, informou o jornal Springfield News-Leader.
Formalmente conhecida como punição corporal, a medida disciplinar permite golpear os alunos nas nádegas ou nas mãos com uma pá de madeira. Em Cassville, os membros da equipe usarão “força física razoável” – sem “chance de lesão corporal ou dano” – na presença de uma testemunha, de acordo com a nova política. Um professor ou diretor também deve enviar um relatório ao superintendente explicando o motivo por trás da punição. Em entrevista ao News-Leader, o superintendente Merlyn Johnson disse que os alunos mais jovens podem receber uma ou duas palmadas, enquanto os alunos mais velhos podem receber até três.
Alguns pais, segundo ele, agradeceram ao distrito por aprovar a prática que está em declínio em todo os EUA. Mas outros não estão satisfeitos e se mostraram chocados com a adoção desse tipo de medida, que consideram totalmente inapropriada.
Na Europa e nos Estados Unidos (além do Brasil) durante séculos, os estudantes foram castigados com palmatórias, réguas ou até mesmo varas de bambu. Em 1867, Nova Jersey se tornou o primeiro estado a proibir a prática nas escolas públicas, mas levou mais de 100 anos para que outros estados seguissem o exemplo. Mesmo assim, uma decisão da Suprema Corte de 1977 – Ingraham x Wright – considerou a punição corporal em escolas públicas como constitucional e deixou que os estados decidissem o que fazer.
Castigos podem desencadear problemas
A Academia Americana de Pediatria e a Associação Americana de Psicologia alertaram que o castigo corporal pode desencadear problemas acadêmicos, emocionais e comportamentais. Um estudo de 2016 do Journal of Family Psychology descobriu que a surra aumentava o risco de agressão e comportamento antissocial. As Nações Unidas consideram o castigo corporal uma violação dos direitos humanos. A Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU orienta os países a proibir a prática.
O Departamento de Educação dos EUA diz que o número de estudantes americanos submetidos a castigos corporais é “significativamente subestimado”. Os dados mais recentes do Escritório de Direitos Civis são do ano letivo de 2017-2018 e mostram que mais de 69 mil alunos foram castigados fisicamente nas escolas em todo o país. Mississippi teve a taxa mais alta, com mais de 20.000 alunos, seguido pelo Texas com quase 14.000 e Alabama com mais de 9.000. No Missouri, quase 2.500 foram punidos.