Milhares de policiais e câmeras de reconhecimento facial estarão mobilizados para garantir a proteção da realeza e convidados
Com um efetivo de 29 mil homens e centenas de câmeras de reconhecimento facial, a Polícia britânica colocará em prática neste sábado sábado o maior esquema de segurança na história do Reino Unido. Um sistema de inteligência artificial foi montado para monitorar tanto os locais do percurso da carruagem real, entre o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminster, como o interior da Igreja. Esse sistema poderá identificar possíveis terroristas e outros suspeitos infiltrados na multidão.
Os sistema digitais utilizam medições matemáticas dos rostos das pessoas para compará-los com fotos em uma lista de vigilância da polícia em tempo real. Ao encontrar uma correspondência entre um rosto real da multidão e os registros da polícia, o sistema envia um sinal para dispositivos portáteis alertando os policiais mais próximos do alvo para imobilizá-lo. Dessa forma, as forças de segurança podem agir preventivamente antes que as ameaças se materializem.
“A lista de observação será focada naqueles cuja presença no Dia da Coroação levantaria preocupações de proteção pública, incluindo aqueles procurados por crimes, com um mandado de prisão pendente emitido pelos tribunais ou aqueles que cumprem programas de gerenciamento de infratores ”, informou um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres, a MPS. “Vamos lidar com firmeza com qualquer pessoa que pretenda minar esta celebração”, afirmou o oficial.
Funcionamento do software de IA
Em fase de testes, a Scotland Yard implantou câmeras para vasculhar multidões em busca de indivíduos em listas de observação contendo até 9 mil pessoas, incluindo fugitivos e criminosos. O software analisou os rostos de todas as pessoas que chegaram a uma distância de 6 metros e comparou os dados com as imagens da lista. Aqueles que não combinavam eram instantaneamente desconsiderados, deixando apenas os rostos dos suspeitos expostos.
Para a coroação deste sábado, acredita-se que a tecnologia seja pré-carregada com os rostos de terroristas suspeitos ou condenados, ativistas ecológicos conhecidos que possam atrapalhar o evento, além de criminosos procurados pela policia.
Mas o uso massivo da tecnologia de reconhecimento facial não é um consenso na Inglaterra. “Estamos falando de uma ferramenta autoritária de vigilância em massa que transforma o público em carteiras de identidade ambulantes que pode ser usada na China e na Rússia, mas não tem lugar nas ruas da Grã-Bretanha”, protesta Madeleine Stone, diretora jurídica da ONG Big Brother Watch, que defende a privacidade e a liberdade civil britânica.
“A coroação não deve ser usada para justificar o lançamento dessa tecnologia discriminatória e perigosa”, questionou Stone. “Isso pode significar que dezenas de pessoas serão erroneamente sinalizadas como criminosas e forçadas a provar sua inocência. “Essa tecnologia distópica deve ser banida com urgência”, defendeu a ativista.