Adolescentes usuários tem quatro vezes mais probabilidade de desenvolver problemas mentais, diz estudo americano
De acordo com um novo estudo da Universidade de Columbia, nos EUA, os jovens usuários de maconha possuem de duas a quatros vezes mais probabilidade de desenvolver distúrbios psiquiátricos. Ainda que seja usado poucas vezes os especialistas alertam para os malefícios da droga. A pesquisa foi publicada na revista científica: JAMA Network Open.
Os cientistas consideram o estudo um divisor de águas para a droga. Pela primeira foi comprovado cientificamente que, mesmo fumando de maneira recreativa a maconha desenvolve sérios problemas para o cérebro. Os pesquisadores revelaram que os adolescentes usuários tem baixo desempenho escolar, evasão acadêmica e até problemas com a lei antes mesmo de atingir a maioridade.
Os cientistas entrevistaram mais de 70 mil jovens com idade entre 12 e 17 anos. O estudo comprovou que a cannabis, princípio ativo da droga, pode alterar o desenvolvimento do córtex cerebral, ou seja, prejudicar o raciocínio do indivíduo um risco grande nessa faixa etária.
Outras pesquisas
Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde divulgou outro estudo mostrando que 15% dos diagnósticos de homens com esquizofrenia tem relação com o vício em cannabis e 4% dos casos, em mulheres. O índice é ainda maior em homens jovens: 30% dos casos de esquizofrenia em homens de 21 a 30 anos são causados pelo uso contínuo da droga.
A pesquisa analisou dados de 6 milhões de norte-americanos para chegar às estimativas. De acordo com uma das autoras do estudo, Dra. Nora Volkow, ” os resultados pedem uma ‘ação urgente’ e exigem que as pessoas pensem duas vezes antes de fumar maconha.”
Segundo o Instituto, os casos de esquizofrenia têm aumentado nas últimas décadas em todo o mundo, ligados ao crescimento e envelhecimento da população. Estima-se que só nos Estados Unidos, cerca de 2,8 milhões de adultos são portadores da doença.
Entretanto, a pesquisa confirma a teoria de pesquisadores de que com a expansão do mercado e de consumidores da maconha, a esquizofrenia pode se tornar ainda mais comum.
Mesmo considerando fatores de risco, uso de álcool e histórico parental de esquizofrenia, o transtorno do uso de cannabis foi associado a uma maior propensão a doença. Isto porque, a maconha pode causar psicose, prejudicando a maneira como o indivíduo pensa, toma decisões, lida com as emoções e interage com a realidade, podendo desenvolver à doença, de acordo com o estudo.
No caso dos jovens, os efeitos podem ser ainda mais abrangentes, já que podem provocar alterações no cérebro ainda em desenvolvimento.
Estudos anteriores encontraram ligações entre cannabis, embora a causa exata não fosse clara. Por isso, a atual pesquisa e seus resultados têm sido considerados importantes no meio científico. “As descobertas deste estudo são um passo nessa direção e podem ajudar a informar as decisões que os profissionais de saúde podem tomar ao cuidar dos pacientes, bem como as decisões que os indivíduos podem tomar sobre seu próprio uso de cannabis”, afirmou Dra Notra.