ECONOMIA

Juros altos, boas perspectivas de ganho real

A tendência de alta da taxa básica de juros para a casa dos 14% abre oportunidades na renda fixa

Por: Ismael Pfeifer e Julia Castello
Da redação | 4 de agosto de 2022 - 21:46

O juros altíssimos neste momento no Brasil, empurrados para cima pela taxa básica, a Selic, definida pelo Copom, do Banco Central, oferece hoje excelente perspectiva de rentabilidade real para os próximos 12 meses, principalmente para quem investir nos fundos de renda fixa e certificados pré-fixados.

A conta é simples: a taxa Selic acaba de subir para 13,75% ao ano, o que significa que aplicações feitas neste momento vão se balizar na taxa para oferecer rendimento para os próximos 12 meses. Por isso, os bancos e corretoras devem oferecer taxas pré-fixadas de pelo menos 12% até 15%, dependendo do volume de investimentos e período em que o dinheiro vai ficar preso.

Ao mesmo tempo, a projeção do governo e das principais instituições financeiras e estatísticas projetam uma inflação, para os próximos 12 meses, entre 5% e 6%.

Ganhos sobre a inflação podem superar 6% ao ano

Isso significa dizer que uma aplicação que consiga 12,5% líquidos ao ano num CDB, num LCI ou LCA e mesmo um Tesouro Direto pré-fixado, que é uma taxa realista, tende a obter ganho líquido, descontada a perda pela inflação, de pelo menos 6,5%.

Juros altos.

Aposta na renda fixa trará bons resultados.

Simão Silber, professor doutor de Economia na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo acredita que o Banco Central ainda deve elevar mais um pouco a Selic no mês que vem e, depois, a taxa deve se estabilizar em 14%.

“É uma taxa de juros muito alta, o que favorece as aplicações em renda fixa, mas não em renda variável. Portanto, é um bom momento para quem tem algum dinheiro para poupar”, explica.

Cuidado com o possível recuo futuro da Selic

Mas o investidor deve ser cuidadoso e perguntar detalhadamente a modalidade de investimento que será oferecida. O objetivo neste momento será obter um rendimento para os próximos 12 meses próximo da taxa da Selic, mas que não sofra com um possível recuo dos juros no futuro – o que é bastante possível, caso a inflação confirme tendência de queda nos próximos meses.

Há, por exemplo, aplicações que pagam fixamente o índice de inflação, IPCA, mais 6% ao ano. Trata-se de opção interessante, porque fica garantido um ganho real significativo já descontada a inflação.

CDB, LCI, Tesouro Direto, fundos pré-fixados…
Será preciso observar também as taxas cobradas pelos bancos em cada aplicação e o Imposto de Renda que incide em cada modalidade de investimento. O LCI e o LCA, que são títulos bancários vinculados ao financiamento imobiliário ou na agropecuária, não têm incidência de IR, mas normalmente oferece taxas menores do que os CDBs, que pagam IR decrescente, dependendo do período em que o dinheiro fica investido. O Tesouro Direto Selic, que se baseia justamente na taxa básica, é igualmente isento de imposto e reflete as taxas altas deste momento.

De qualquer forma, trata-se de momento propício para quem não está disposto a correr riscos em bolsa de valores ou mesmo em fundos de renda variável, que podem incluir na carteira ações e títulos de cotação volátil e que, portanto, não garantem vencer a inflação e ainda ter um ganho adicional.

Simão Silber ressalta, porém, o lado negativo da política de juro alto, usada, como de costume, para conter a inflação. “É obvio que o efeito colateral de um juro tão elevado é a desaceleração da produção e do consumo, o que tente a reduzir o emprego neste segundo semestre”, explica.

+ DESTAQUES