Pela primeira vez, o telescópio registra uma tempestade de poeira solar junto a um exoplaneta
O super telescópio James Webb registrou, pela primeira vez na história da conquista do espaço, uma gigantesca tempestade de poeira espacial, junto a um exoplaneta, batizado de VHS 1256b, que está situado a 40 anos-luz da Terra. Cada ano luz representa uma distância de 9,46 trilhões de kms. A poeira espacial é formada por silicato, pequenos grãos formados por silício e oxigênio, que constituem a base da maioria das rochas minerais.
“Essas partículas lembram grãos de areia, mas muito mais finas”, explica a professora Beth Biller, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que integra o Observatório Real de Edimburgo, no Reino Unido. “Essa é a composição das nuvens ao redor do VHS 1256b, só que muito aquecidas”. Esse planeta é um objeto espacial recente, muito quente, como se fosse uma gigantesca vela acesa”, disse a professora. Esse planeta leva 10.000 anos para completar a órbita entre suas duas estrelas-mães.
Nesta semana ocorre em Seattle, nos Estados Unidos, a 241ª edição da American Astronomical Society. Os cientistas da NASA aproveitaram o evento para anunciar que o Telescópio James Webb localizou mais um novo exoplaneta. Classificado como LHS 475 b, o planeta tem 99% do tamanho da Terra. Os dados de Webb confirmam que a atmosfera do exoplaneta é composta por dióxido de carbono com nuvens de alta altitude – muito parecido com Vênus.
A existência do planeta havia sido sugerida em dados do Transiting Exoplanet Survey Satellite da Nasa, mas o James Webb foi rapidamente capaz de acabar com todas as dúvidas. Ele observou a luz vinda da estrela-mãe e conseguiu detectar a queda na emissão quando o planeta passou à sua frente, algo que acontece a cada dois dias.
Captura do berçário estelar
Entre suas mais recentes observações, o Telescópio James Webb da NASA, conseguiu capturar um raro momento de formação estelar. A imagem mostra NGC 346, uma região aproximadamente 200.000 anos-luz da Terra, onde muitas estrelas estão sendo criadas. A câmera infravermelha de Webb rastreia os nós, arcos e filamentos de gás e poeira que estão alimentando este berçário estelar.
A NGC 346 está inserida em uma galáxia satélite da nossa própria Via Láctea chamada Pequena Nuvem de Magalhães e é usada como um laboratório para estudar os processos de formação estelar.
Uma espaçonave fictícia movendo-se na velocidade da luz, levaria 240 anos para atravessar esta região do espaço, de acordo com os cientistas. O aglomerado tem concentrações baixas de elementos, mas mais pesados que o hidrogênio e o hélio. As condições imitam, aquelas que existiam muito antes na história do Universo, quando o nascimento das estrelas estava no auge – um período conhecido como “Aurora Cósmica”, cerca de três bilhões de anos após o Big Bang.
Uma das grandes questões, portanto, consiste em saber se os ambientes de baixo metal, como NGC 346, têm material empoeirado suficiente para acumular e construir mundos rochosos, como a Terra. As observações do James Webb sobre o aglomerado indicam que eles certamente têm potencial. Mesmo as menores estrelas detectadas na imagem possuem discos de poeira ao seu redor.