Combustível limpo e abundante na natureza deve revolucionar a indústria e permitir a redução nas emissões de poluentes
Os primeiros resultados foram considerados positivos. Engenheiros da Rolls-Royce, trabalhando na unidade da empresa em Salisbury, sul da Inglaterra, realizaram uma série de testes bem sucedidos com uma turbina de jato movida a hidrogênio verde
Trata-se de uma turbina convencional, a 2100A, de pequeno porte, bastante utilizada em aviões ao redor do mundo, com a diferença de que o combustível é o hidrogênio.
O objetivo é substituir o uso do querosene de aviação, derivado do petróleo e bastante poluente. “A ideia é alcançar a meta de zero emissão”, afirma Alan Newby, diretor de tecnologia aeroespacial da Rolls-Royce.
Newby explica que o hidrogênio não contém carbono e, portanto, quando queima, não emite CO2, o dióxido de carbono, o grande vilão do meio ambiente.
O projeto é uma parceria de duas empresas britânicas: a Rolls-Royce, que entra com o know-how, e a EasyJet, do bilionário Richard Branson, que entrou com milhões de libras para financiar as pesquisas e desenvolvimento.
Longo caminho
Embora os primeiros testes tenham sido considerados promissores, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o hidrogênio possa substituir o querosene de aviação. O principal desafio é que para obter o hidrogênio líquido é preciso resfriá-lo a -235 graus Celsius. Em seguida, é preciso transformá-lo em gás novamente, para alimentar as turbinas.
Outro desafio é que o hidrogênio ocupa 4 vezes mais espaço do que o querosene. Isso vai exigir grandes mudanças no desenho dos aviões de passageiros.
Hidrogênio verde ou azul?
O hidrogênio utlizado nos testes em Salisbury é produzido pelo European Marine Energy Centre. É obtido utilizando-se uma corrente elétrica para separar os dois componentes da água: hidrogênio e oxigênio. A eletricidade necessária vem das ondas do mar e da energia eólica, o que transforma o resultado numa fonte limpa, não poluente. Daí o nome hidrogênio verde. Há muito tempo diversos setores da indústria utilizam hidrogênio para fabricar seus produtos. Mas esse componente é obtido por um processo que usa vapor em alta temperatura e gás natural sob alta pressão. Mas esse processo produz grande quantidade de dióxido de carbono, que é lançado na atmosfera. Além disso, exige muita energia, que resulta da queima de combustíveis fósseis, altamente poluentes.
Uma outra alternativa levantada por alguns pesquisadores é o chamado “hidrogênio azul”.
A ideia é utilizar o mesmo processo que atualmente atende as indústrias, com uma diferença: o dióxido de carbono é capturado e armazenado para reutilização. Pesquisadores de universidades como Stanford, nos Estados Unidos, já descartaram esse método, argumentando que ele também traz danos para o meio ambiente.