Tragédia humanitária se agrava no país. Água e comida não são entregues à população por causa dos conflitos armados
De acordo a Organização das Nações Unidas mais de 100 mil pessoas fugiram do Sudão desde o início da guerra civil, em 15 de abril, e outras 334 mil estão na condição de deslocados internos. As autoridades locais alertaram para o risco de uma catástrofe humanitária ainda mais grave, caso os conflitos armados continuem no Sudão. Os combates se intensificaram na capital, Cartum, entre o exército e os paramilitares da Forças de Apoio Rápido (RSF).
O enviado especial da ONU ao Sudão, Volker Perthes, disse que os dois lados concordaram em iniciar as negociações para um cessar-fogo nos próximos dias, mas ainda não há uma data definida para a suspensão dos ataques.
Segundo o Ministério da Saúde do Sudão, mais de 500 pessoas foram mortas e mais de 4 mil ficaram feridas nos combates nos últimos 17 dias. Os militares realizam ataques aéreos contra Cartum para tentar enfraquecer o RSF, grupo paramilitar formado por milicianos. Combates intensos também ocorreram em Darfur, no oeste do país.
O relatório da ONU informa que 0s 100 mil refugiados incluem cidadãos sudaneses que tentavam voltar para casa e pessoas que já eram refugiados no Sudão fugindo dos combates. Um grande número de pessoas também fugiu do país pela fronteira com o Egito no norte e o Chade no oeste.
A maioria dos estados europeus já concluiu a retirada de cidadãos do Sudão e a Rússia informou que enviará ainda nesta terça-feira quatro aviões militares para retirar mais de 200 pessoas, incluindo cidadãos russos e de países aliados.
Em Cartum, os suprimentos para a população estão sendo racionados. Comida, água e eletricidade já estão acabando e a ajuda humanitária que chega por meio da ONU está sendo armazenada por causa da violência generalizada, pois não há condições seguras para entregar os mantimentos à população sudanesa.
O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ahmed al-Mandhari, disse que as instalações de saúde foram atacadas em Cartum. “Até agora, houve cerca de 26 ataques relatados a instalações de saúde. Alguns desses ataques resultaram na morte de profissionais de saúde e civis nesses hospitais”, revelou. O representante da ONU destacou que alguns desses hospitais foram invadidos para serem usados como bases militares, expulsando funcionários e pacientes das unidades de saúde.