MEIO AMBIENTE
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Geleiras de mil anos ajudam pesquisadores a prever futuro da Antártica

Água extra do derretimento das geleiras provoca aumento do nível do mar, colocando em risco áreas costeiras em todo o planeta

Da redação | 6 de abril de 2023 - 20:55
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O derretimento das geleiras da Antártica pode se acelerar muito mais rápido do que se pensava. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa realizada por cientistas britânicos que analisaram o recuo de uma camada de gelo na costa da Noruega. Entre as diversas consequências preocupantes para o ecossistema, a água extra do derretimento das grandes camadas de gelo gera um aumento do nível do mar, colocando em risco áreas costeiras em todo o planeta.

Atualmente calcula-se que as geleiras mais impactadas da Antártica  recuam até 30 metros por dia. Embora esse seja um dado impressionante, o número parece pequeno em comparação com que os pesquisadores analisaram na camada de gelo na costa da Noruega. Ali, no lençol norueguês, o recuo máximo há vinte mil anos atrás, foi de mais de 600 metros por dia.

Mapeamento do recuo das geleiras da Antártica, por meio de um satélite. (Foto: COPERNICUS DATA/ESA)

Os resultados da equipe, publicados na revista Nature, mostram que o antigo manto de gelo europeu sofreu pulsos de recuo rápido a velocidades de 55m a 610m por dia. O problema é que ondulações semelhantes foram detectadas no fundo do mar ao redor da Antártica, levando os pesquisadores a emitirem o alerta de que o mesmo possa acontecer na atualidade. O maior perigo para o planeta é que a elevação do nível do mar ultrapasse o limite de 1,5 m, o que seria catastrófico para regiões litorâneas habitadas em todo o globo. Cidades como Miami, nos EUA, para citar apenas um exemplo, seriam parcialmente cobertas pelas águas.

Ensinamentos do passado geológico 

De acordo com dois autores da pesquisa, Dra. Christine Batchelor, da Universidade de Newcastle e Dr. Frazer Christie, da Universidade de Cambridge, apesar de utilizarem satélites hoje muito desenvolvidos para acompanhamento do derretimento, existem limitações. Como por exemplo, histórico de registro de apenas 40 anos atrás.

“É por isso que olhamos para o passado geológico para nos dizer o que é possível”, alerta Julian Dowdeswell, da Universidade de Cambridge. “É importante ressaltar que o registro geológico é algo que realmente aconteceu. É uma ‘observação’ no mundo real, não apenas no mundo dos modelos de computador”.

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